Num destes dias dei por mim a pensar que o blog fez 5 anos no mês de Abril. À semelhança dos anos anteriores, eu não fiz um post a assinalar o momento. Não é que eu me tenha esquecido da data, mas entretanto foram surgindo outros trabalhos e outras publicações que fizeram com que o tempo voasse e quando caí em mim, já tinham passado três meses. Não vou fazer aquele discurso típico em forma de balanço do que foram estes cinco anos, mas venho antes agradecer por tudo aquilo o que o blog me trouxe de bom e venho, em forma de desabafo, falar um pouco desta coisa de ser blogger nos dias de hoje. Talvez o texto se venha a alongar, por isso sintam-se à vontade para passar já à receita que está mais abaixo e às imagens deste bolo que preparei com uma das minhas frutas preferidas desta estação. Um bolo que foi cozinhado com muito amor e em jeito de celebração e agradecimento por tudo o que a vida e neste caso o blog, me têm trazido de bom.
Se me dissessem, há cinco anos atrás, que eu teria através do blog a popularidade que tenho hoje, eu não acreditaria. Se me dissessem que pessoas fantásticas que partilham comigo este mesmo gosto pela culinária, se iriam cruzar no meu caminho e que algumas delas até iriam permanecer na minha vida, tornando-se verdadeiras amigas, eu também não acreditaria. Que algumas marcas viriam a valorizar e respeitar o meu trabalho enquanto blogger, querendo trabalhar comigo, e desta forma dar a conhecer os seus produtos a todos aqueles que me seguem, quer aqui no blog, quer nas redes sociais, eu também não acreditaria. Têm sido uns anos bons, de muitas partilhas, de muitas experiências novas na cozinha, de constante aprendizagem.
Um blog precisa de ser alimentado todos os dias e quando digo alimentado não quero com isto dizer que tenha de fazer publicações diárias. Indirectamente o blog acompanha-me diariamente para onde quer que eu vá. Ou porque estou a pensar na próxima receita, ou tenho um monte de fotografias para editar, a receita que tem de passar do papel e muitas vezes da cabeça para o computador, ou porque passei numa montra e vi uma taça linda que compro para as minhas composições fotográficas, ou porque é mais um livro que adquiro, no qual vou buscar inspiração. Depois existem nas redes sociais,
Facebook e
Instagram, as páginas associadas ao blog, também estas necessitando de ser mantidas. Responder aos comentários que eu tanto agradeço, actualizar as publicações e claro, visitar outras páginas de que gosto e acompanho e cujo trabalho dos autores eu aprecio.
Mas nem tudo é bom, acreditem. Isto de ser blogger não é nada fácil, exige algum esforço e muita dedicação e dá imenso trabalho. Se vale a pena?! Sim, muito. Quando as partilhas são feitas com amor e quando cozinhar, fotografar e partilhar são grandes paixões. Não há truques, não há segredos e acredito que só desta forma, colocando amor em tudo o que se faz e em cada partilha, se consegue manter um blog. Mas um blog exige de nós um grande investimento, quer material quer pessoal, que se não for bem planeado e controlado pode tornar-se até perigoso. Principalmente nos dias de hoje em que estamos constantemente a ser bombardeados com informação e estímulos que nos levam a ser cada vez mais exigentes e perfeccionistas. Inconscientemente queremos fazer sempre mais e melhor, queremos agradar a quem nos lê, queremos surpreender e apresentar um trabalho digno de ser admirado. E às tantas, sentimos-nos pressionados e ansiosos com o objectivo de criar o post perfeito, de conseguir manter a publicação semanal. Sem querer passamos a viver em função do blog e das marcas com as quais trabalhamos. Quando chegamos a este ponto acho que já não faz sentido continuar, pois perde-se a autenticidade, deixamos de criar conteúdos genuínos e com os quais nos identificamos, para criar outros apenas para agradar às massas. Por mim falo, obviamente, mas creio que este é um sentimento comum a muita gente.
Depois há as redes sociais que estão saturadas com tanta informação e publicidade dissimulada. Somos diariamente bombardeados com ruído visual. E aos poucos deixamos de ter o tempo necessário para absorver tudo o que realmente gostaríamos, de ler e visitar quem nos inspira. Com o passar do tempo vamos adquirindo alguma maturidade e sabedoria e aprendemos a ser selectivos, a filtrar e a descartar o que é menos bom, o que não nos acrescenta nada de novo. Mantemos por perto quem nos faz bem, quem nos dá aquele estímulo positivo para seguir em frente. Não temos que ter todos os mesmos gostos, não temos de partilhar todos das mesmas ideologias, assim como não sinto a necessidade de agradar a toda a gente. Sou como sou, faço aquilo que gosto e quem não se identificar tem toda a legitimidade para passar ao lado e seguir a sua vida.
As redes sociais já não são o que eram, há toda uma inteligência artificial que lê os nossos gostos e preferências e que nos faz chegar a tal informação massiva com a qual nos "identificamos". As nossas publicações são meticulosamente filtradas e já não chegam a quem realmente gostaríamos. O alcance orgânico das mesmas baixa drasticamente e tudo isto porque as redes querem que paguemos para que os nossos posts tenham mais visibilidade. Não condeno quem o faz, cada um tem os seus objectivos pessoais. Mas hoje em dia dá-se muita importância aos números. Tudo gira à volta de algoritmos, de "ratings" e "engagements" que levam, imaginem, muitas pessoas a entrar numa corrida desenfreada de caça aos "likes". Vale tudo para ter uma conta com imensos seguidores e visitas. Há até quem esteja disposto a pagar para adquirir falsos seguidores e todos os meios servem para alcançar os fins. São criadas aplicações para tudo e mais alguma coisa e quando damos por nós já não estamos a seguir um perfil ou uma conta que gostamos mas sim algo que foi fabricado e produzido, algo que é diariamente trabalhado de forma artificial para atingir os tais algoritmos. Criam-se máscaras, partilham-se as "vidas perfeitas", mostra-se todo um mundo encantado que só existe ali, nas redes sociais. Às páginas tantas eu pergunto-me se tudo isto vale mesmo a pena, se realmente eu preciso disto para ser feliz e se necessito mesmo das redes sociais para viver. Pergunto-me se todos aqueles minutos diários que eu dedico às redes me trazem algum retorno e satisfação pessoal. Por vezes chego á conclusão que não, que tudo isto me traz até algum desgaste psicológico e que pode até interferir com a minha saúde. Quando chego a este ponto decido fazer uma pausa e afastar-me. Desligo um pouco do mundo virtual e dedico-me ao meu mundo, à minha cozinha e aos meus tachos e panelas. Dedico-me a aproveitar a vida e a fazer aquilo que me faz feliz.
Claro que não vou fazer uma pausa no blog. Farei as pequenas pausas que achar necessárias por forma a sentir-me bem mentalmente. Irei continuar a publicar e a partilhar as minhas experiências culinárias porque é algo que me dá prazer e faço com muito gosto. Fico eternamente grato a todos os que me visitam, comentam e agradecem as minhas partilhas. A quem me dá um voto de confiança e reproduz as minhas receitas. Porque esse será sempre o maior e melhor retorno que posso levar daqui. Sem vocês nada disto faria sentido. Por isso agradeço diariamente a todos os que deixam uma palavra amiga no blog e nas redes sociais e também às marcas que acreditam no meu potencial, que respeitam e valorizam o meu trabalho, querendo colaborar comigo.
O texto já vai longo, por isso vamos passar à receita. Neste bolo juntei dois ingredientes que adoro, o chocolate e as cerejas. É uma combinação clássica e já repetida neste
Bolo Floresta Negra, nestes
Brownies de Chocolate e Cereja, ou ainda neste
Clafoutis ao qual juntei pistachios e pedaços de chocolate. Mas nada melhor que um bolo de chocolate e cerejas e ainda mais chocolate, certo?! Assim decidi rechear este bolo com um creme
mousseline de chocolate que fez as delicias de quem o provou. Não se deixem intimidar pelo aspecto requintado do bolo, pois é muito simples de preparar e serve para celebrar qualquer ocasião.
Bolo de Chocolate com Cerejas
Ingredientes:
| 60 g de cacau em pó
| 125 ml de água quente
| 125 g de manteiga amolecida
| 280 g de açúcar amarelo
| 1 c. (chá) de pasta de baunilha (ou essência)
| 3 ovos
| 180 g de farinha s/ fermento
| 1 c. (chá) de fermento em pó
| 200 g de cerejas descaroçadas
{para o creme de chocolate}
| 120 g de chocolate com 80% de cacau
| 150 g de manteiga à temp. ambiente
| 160 g de açúcar em pó
| 1 + 1/2 c. (chá) de essência de baunilha
Preparação:
1 . Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga e forre com papel vegetal, também untado, três formas com 15 cm de diâmetro e reserve.
2 . Misture o cacau na água quente até que se dissolva e reserve.
3 . Bata a manteiga juntamente com o açúcar e a pasta de baunilha durante cerca de 2-3 minutos. Entretanto vá adicionando os ovos, um de cada vez, sem nunca deixar de bater.
4 . Misture o fermento com a farinha peneirada e adicione em duas vezes ao preparado anterior, alternando com o cacau.
5 . Divida a massa pelas três formas em quantidades iguais e leve ao forno durante cerca de 25-30 minutos.
6 . Entretanto prepare o creme de chocolate. Parta o chocolate em pedaços, coloque numa taça de vidro e derreta em banho-maria. Deixe arrefecer um pouco.
7 . Bata a manteiga juntamente com o açúcar durante cerca de 2 minutos. Adicione a baunilha e o chocolate derretido e bata durante cerca de 3 minutos ou até atingir a consistência desejada. Reserve no frigorífico até ao momento de montar o bolo.
8 . Retire os bolos do forno e deixe que arrefeçam nas formas cerca de 10 minutos. Desenforme e deixe-os arrefecer completamente sobre uma grelha.
9 . Coloque um dos bolos num prato de servir e use um saco de pasteleiro com o creme de chocolate para rechear esta primeira camada. Distribua algumas cerejas sobre o creme.
10 . Repita o processo para os as outras duas camadas de bolo e o restante creme e cerejas. Termine decorando com cerejas e raspas de chocolate
(opcional) e leve ao frigorífico até á hora de servir.
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