Se olharmos um pouco à nossa volta, enquanto estamos na rua, conseguimos já identificar alguns sinais evidentes de que a Primavera está a chegar. As temperaturas mais amenas que convidam a roupas mais leves, o cantar dos pássaros, o cheiro a pólen, as flores que começam a desabrochar, uma ou outra andorinha que se faz anunciar, o sol que brilha mais forte e os dias que já são maiores. Sim, a minha estação do ano preferida está mesmo aí. Mas enquanto ela não chega, enquanto não se entrega em pleno, as noites continuam frias, e por aqui os pratos de forno ainda continuam na ementa. Gosto das saladas e dos pratos mais leves, com legumes e cheios de cor e sabor. Mas o Inverno ainda não se despediu e enquanto as noites estiverem frias, a comida de conforto e os legumes de Inverno continuam a ser eleitos cá em casa.
Em casa dos meus pais sempre houve, e ainda há, uma lareira aberta, daquelas enormes, onde antigamente eram feitas as refeições. E sempre me lembro de ver ali uma panela de ferro, daquelas redondas, pretas e com três pernas. A minha mãe adorava cozinhar naquela panela e, dizia ela, que a comida era diferente e sabia melhor, quando cozinhada numa panela de ferro. E a verdade é que as sopas e as carnes que ali se faziam eram de facto muito saborosas. Daí que muitas vezes nós dizemos que a comida da avó e da mãe é que era boa e tinha sempre um sabor diferente. Talvez por isso, porque era cozinhada ao lume, sem pressas e numa panela de ferro que durava toda uma vida. Lembro-me de que era acesa a fogueira logo de manhã cedo, a panela era colocada sobre as brasas e começava-se a preparar o almoço, deixando-o cozinhar lentamente.
Hoje os tempos são outros, os hábitos alimentares também mudaram, mas eu sempre quis ter uma panela de ferro, onde pudesse fazer os meus cozinhados, aproveitando ao máximo e sem alterar demasiado os nutrientes e todas as propriedades benéficas dos ingredientes e mantendo o seu sabor. E foi graças à Zwilling J.A. Henckels, representante em Portugal da marca Staub, que eu consegui finalmente a minha cocotte de ferro. Tinha que fazer legumes assados, já que gosto tanto e adorei o resultado final. Uma refeição bem reconfortante que resultou nuns legumes tenros, muito saborosos e suculentos, perfumados pelas ervas e assados ao mesmo tempo que as codornizes, dando a estas o acompanhamento perfeito.
Codornizes Assadas com Legumes na Cocotte
Ingredientes:
| 4 codornizes
| 2 batatas doces (usei de polpa laranja)
| 2 cenouras
| 2 pastinacas
| 4 chalotas
| 2 c. (chá) de ervas de provence (usei Margão)
| 1 dl de azeite
| 1 dl de vinho branco
| 1 pitada de sementes de cominhos
| flor de sal e pimenta q.b.
| tomilho fresco
| tomilho fresco
Preparação:
Pré-aqueça o forno a 200ºC.
Lave as batatas deixando-as com a pele, descasque as cenouras e as pastinacas e reserve.
Misture o azeite com as ervas de provence, as sementes de cominhos, a flor de sal e a pimenta.
Corte os legumes em pedaços grossos e coloque-os no fundo da cocotte, formando uma "cama".
Regue os legumes com metade da mistura de azeite e ervas.
Use a outra metade para envolver nas codornizes e disponha-as sobre a cama de legumes.
Regue-as com o azeite que sobrou.
Coloque a tampa na cocotte e leve ao forno, baixando a temp. para os 180ºC e deixe assar durante 45 minutos.
Retire a cocotte do forno e refresque as codornizes e os legumes com o vinho branco.
Leve novamente ao forno durante 15 minutos.
Retire a cocotte do forno e deixe repousar 15 minutos, sem retirar a tampa.
Sirva com algumas folhas de tomilho fresco.
Sirva com algumas folhas de tomilho fresco.
