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Bolachas de Natal [com arandos vermelhos]


A contar as horas para a noite mais quente do ano. E obviamente não estou a falar de temperatura mas sim de calor humano. Conto cada segundo para estar junto dos meus, dos que me são mais queridos, a minha família. Pela primeira vez, em alguns anos, decidi dar novamente uma oportunidade ao Natal! Já tive Natais mesmo muito felizes, casa cheia, mesa farta, muitos sorrisos e a família toda junta. Mas quiseram as circunstâncias da vida roubar-me esses momentos, levar-me quem mais eu queria que estivesse cá hoje para poder abraçar, cheirar, beijar e trazer mais significado ao meu Natal. Inevitável não deixar cair algumas lágrimas enquanto escrevo estas palavras, lágrimas de tristeza e saudade mas ao mesmo tempo de esperança e alegria. Este ano o Natal volta a fazer sentido, irei estar com aqueles que eu amo, a minha esposa, a minha irmã, o meu irmão, os meus cunhados, os meus sobrinhos do coração e também o meu pai. A família toda reunida, aqueles com quem faz mesmo sentido partilhar esta quadra. Não poderia ter melhor presente este ano, estar lá, estarmos lá, estarmos juntos e podermos trocar abraços, sorrisos, partilhar afectos e emoções, é tudo o que eu mais quero.


Vou aproveitar cada segundo, cada momento em família. Porque não sei quando voltarei a ter uma oportunidade destas. Hoje estamos cá todos, o amanhã é uma incerteza. Por isso quero viver o presente, mimar os que cá estão, agradecer por fazerem parte da minha vida, por terem um lugar no meu coração. E não quero muito mais, apenas peço saúde para todos. Para que no futuro possamos repetir momentos como este e para que o Natal faça sempre sentido. Sem olhar para trás, mas obviamente sem esquecer quem já partiu. Porque o Natal é mesmo isto, é viver para quem amamos, abraçar quem gostamos, agradecer todos os dias por estarmos vivos e não estarmos sozinhos no mundo. E não devemos fazê-lo apenas nesta altura, devemos fazer isto todos os dias, seja pessoalmente ou através de um telefonema ou uma mensagem, porque o Natal deve ser praticado todos os dias, assim como o amor ao próximo. Não adianta andarmos com guerras, com brigas, não adianta guardar rancores e viver com o coração partido. Vamos aproveitar que estamos cá para celebrar a vida. Porque amanhã pode ser tarde. 

Não sei se este será o último post do ano, mas  é certamente o último antes do Natal. De qualquer forma aproveito para desejar um Santo e Feliz Natal e umas Boas Festas a todos os leitores do blog Sweet Gula! Aproveitem para mimar quem mais gostam, os que vos são próximos, façam estas bolachinhas e partilhem-nas neste Natal como forma de agradecimento.


Bolachas de Natal [com arandos vermelhos]
(receita adaptada da revista "Bimby - Momentos de Partilha" NOV2015)

Ingredientes:
| 85 g de manteiga
| 120 g de açúcar
| 85 g de leite (cerca de 3 c. de sopa)
| 300 g de farinha tipo 65
| ½ c. (chá) de fermento em pó
| 40 g de arandos desidratados (ou morangos, ou outra fruta a gosto)

{para servir} (opcional)
| compota de mirtilos (ou outra a gosto)
| chocolate derretido

Método Tradicional:
Pique grosseiramente os arandos vermelhos e reserve.
Aqueça o leite, mas sem deixar ferver. Junte a manteiga e o açúcar e mexa até que se dissolvam no leite.
Adicione a farinha, o fermento e os arandos vermelhos e misture com uma colher de pau.
Transfira a mistura para uma superfície enfarinhada, acabe de amassar com as mãos e forme uma bola. Envolva com película aderente e leve ao frigorífico cerca de 2 horas.
Numa superfície polvilhada com farinha, estenda a massa com a ajuda de um rolo e, com cortadores em forma de estrela (ou outros), corte bolachas de vários tamanhos.
Disponha as bolachas num tabuleiro forrado com papel vegetal.
Leve ao forno a 180ºC cerca de 15 minutos.
Deixe as bolachas arrefecerem um pouco no tabuleiro, transfira-as para uma grelha e deixe arrefecer à temperatura ambiente.
Decore e recheie algumas bolachas a gosto com compota e/ou chocolate derretido.

Método Thermomix - Bimby:
Coloque no copo a manteiga, o açúcar e o leite e aqueça (4min/50ºC/vel2).
Adicione a farinha, o fermento e os arandos vermelhos e misture (5seg/vel5). Retire, forme uma bola, envolva com película aderente e leve ao frigorífico cerca de 2 horas.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Numa superfície polvilhada com farinha, estenda a massa com a ajuda de um rolo e, com cortadores em forma de estrela (ou outros), corte bolachas de vários tamanhos.
Disponha as bolachas num tabuleiro forrado com papel vegetal.
Leve ao forno a 180ºC cerca de 15 minutos.
Deixe as bolachas arrefecerem um pouco no tabuleiro, transfira-as para uma grelha e deixe arrefecer à temperatura ambiente.
Decore e recheie algumas bolachas a gosto com compota e/ou chocolate derretido.

Azevias de Amêndoa e Gila [no forno]


Por aqui andamos a mil à hora, dá para imaginar?! É impressão minha ou este mês de Dezembro está a passar rápido demais?! Tanto trabalho ainda por concretizar, tantas as ideias que fervilham na minha cabeça, tantas as partilhas que gostaria de fazer com quem visita este blog... mas infelizmente o tempo não chega para colocar em prática tudo o que gostaria. Há que traçar objectivos e estabelecer prioridades. Há que pensar nos dias de festa que se aproximam a passos largos e focarmos-nos nas pessoas que realmente nos interessam, agradecer pelo facto de estarem presentes quando precisamos e por fazerem parte das nossas vidas. A nossa família e os amigos mais chegados. O tempo livre, que é pouco, é passado na cozinha, entre tachos e panelas, ingredientes amontoados, farinha espalhada, etiquetas e embrulhos. Podia afirmar que a minha cozinha por estes dias se encontra em estado de sítio, mas sinceramente prefiro este caos organizado à azáfama desenfreada dos shoppings, em busca do presente perfeito. Aqui ainda consigo ter o quentinho do forno por perto e o cheiro das especiarias a perfumar a casa. Conseguem imaginar?! Aproveita-se para testar receitas de bolachas, sempre em busca da receita perfeita para surpreender com um presente caseiro feito com carinho. Existe lá coisa melhor?! Experimentam-se também outras receitas, algumas que fizeram sucesso e já têm lugar garantido na mesa da consoada, como é o caso deste pudim delicioso. Outra das receitas que irá marcar presença são estas azevias que trago hoje, de amêndoa e Gila, menos tradicionais, feitas no forno e por isso mais saudáveis.


Uma abóbora Gila que me foi oferecida há uns meses atrás, há muito que andava a implorar para ser usada. Transformei-a em doce e consegui encher dois generosos frascos. Como este não é dos doces que mais aprecio, procuro alternativas para o usar. E esta é a altura perfeita, pois não faltam receitas alusivas ao Natal que são feitas com doce de Gila. Como não sou grande fã dos fritos de Natal, optei antes por fazer uma versão de azevias no forno. Não é a primeira vez que experimento algo do género, apesar de ter sido com um recheio diferente. O resultado, esse surpreende e muito. A massa fica estaladiça, perfumada pela raspa da laranja e com um toque de mel e canela. O recheio é uma explosão de sabores, os fios de gila que combinam deliciosamente com os ovos, o toque da laranja e das especiarias e a amêndoa em pedaços para dar textura. Uma receita que não deixa ninguém indiferente e que consegue arrancar sorrisos.

Quanto ao Doce de Gila, não se deixem intimidar pela sua demorada confecção. Não é que seja difícil de fazer, mas demora até estar pronto, pois deve começar a fazer-se de véspera. Ainda assim e se não quiserem dar-se a esse trabalho, podem sempre usar um doce de compra. Optei por usar uma quantidade menor de açúcar na receita em relação ao que seria normal para a quantidade de fruta. Mas isso não será um problema, uma vez que o doce será usado a curto prazo. Aconselho a aumentarem a quantidade de açúcar, caso queiram conservar o doce por mais tempo. As quantidades de ingredientes podem ser adaptadas ao vosso gosto, as que usei baseiam-se na quantidade da abóbora Gila que obtive, depois de limpa, cozida e escorrida.


Doce de Gila
Ingredientes:
| 800 g de abóbora Gila (depois de limpa, cozida e escorrida)
| 500 g de açúcar
| 250 ml de água
| 1 pau de canela (usei Margão)
| 2 casquinhas de limão

Preparação Tradicional:
Coloque a abóbora Gila dentro de um saco e atire-a ao chão a fim de se partir em pedaços.
Retire a tripa amarela e todas as sementes e lave abundantemente em água corrente.
Leve ao lume um tacho com água e uma pitada de sal e coza a abóbora durante 20-25 minutos.
Escorra a água, deixe a abóbora arrefecer, retire e descarte as cascas.
Desfie a abóbora com as mãos e coloque os fios de molho em água limpa de um dia para o outro.
Escorra a água sem espremer demasiado a abóbora e pese-a (deverá obter 800g).
Num tacho coloque o açúcar, a água, o pau de canela e as cascas de limão. Leve ao lume até formar uma calda e adicione os fios da abóbora gila.
Deixe cozinhar em lume brando durante mais ou menos 45 minutos ou até que todo o liquido tenha evaporado.
Deixe arrefecer um pouco e guarde dentro de frascos esterilizados.

Preparação Thermomix - Bimby:
Coloque a abóbora gila dentro de um saco e atire-a ao chão a fim de se partir em pedaços.
Retire a tripa amarela e todas as sementes e lave abundantemente em água corrente.
Coloque os pedaços de abóbora no cesto da Varoma.
No copo coloque 500 g de água e programe (30min/Varoma/Vel1).
Deixe a abóbora arrefecer, retire e descarte as cascas.
Desfie a abóbora com as mãos e coloque os fios de molho em água limpa de um dia para o outro.
Escorra a água sem espremer demasiado a abóbora e pese-a (deverá obter 800g).
Coloque o açúcar e a água no copo, junte o pau de canela, a casquinha de limão e programe (20min/Varoma/vel1).
Retire a casquinha de limão, junte a abóbora Gila e programe (30min/Varoma/velColher Inversa).
Deixe arrefecer um pouco e guarde dentro de frascos esterilizados.


Azevias de Amêndoa e Gila
Ingredientes:
{para a massa}
| 40 g de manteiga
| 20 g de azeite
| 100 ml de água
| 280 g de farinha s/ fermento
| 1 pitada de sal fino
| raspa de 1 laranja

{para o recheio}
| sumo de 2 laranjas
| 50 g de açúcar amarelo
| 1 pau de canela (usei Margão)
| 1 estrela de anis (usei Margão)
| 1 c. (sopa) de amido de milho
| 250 g de doce de Gila (ver receita acima)
| 75 g de amêndoas 
| 3 gemas de ovo

| xarope de agave ou mel para pincelar
| açúcar e canela para polvilhar

Preparação Tradicional:
Numa taça coloque a farinha, faça um buraco no centro e junte a manteiga em pedaços e o azeite. Comece por amassar com as pontas dos dedos e aos poucos vá adicionando a água.
Junte o sal e a raspa de laranja e amasse bem durante alguns minutos até a massa ficar elástica, despegar dos dedos e ficar moldável.
Forme uma bola e deixe repousar durante 1 hora.
Com uma faca pique as amêndoas dando-lhe um aspecto "palitado". Reserve.
Leve um tacho ao lume com o sumo de laranja, o açúcar, o pau de canela e a estrela de anis.
Aqueça o tempo suficiente para que o açúcar derreta.
Adicione o doce de gila e as amêndoas palitadas e mexa um pouco para apurar.
Retire e descarte o pau de canela e a estrela de anis e junte o o amido de milho e as gemas. Mexa até engrossar um pouco.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Forre um tabuleiro com papel vegetal e reserve.
Numa superfície enfarinhada estenda a massa com a ajuda de um rolo.
Recheie cada azevia com uma colher (sopa) do creme de gila e amêndoa.
Disponha as azevias no tabuleiro reservado e e leve ao forno durante 20-25 minutos. A meio da cozedura vire as azevias ao contrário para que cozam uniformemente.
Retire do forno e enquanto estão quentes, pincele com xarope de agáve ou mel aquecido e polvilhe abundantemente com açúcar e canela.

Preparação Thermomix - Bimby:
Coloque no copo a manteiga e o azeite e programe  (2min/100ºC/vel2).
Junte a água, a farinha o sal e a raspa de laranja e programe (20seg/vel6).
Retire e deixe a massa repousar durante 1 hora.
No copo limpo e seco coloque as amêndoas e triture (5seg/vel5). Retire e reserve.
Junte no copo o sumo, o açúcar, o pau de canela e a estrela de anis e programe (5min/100ºC/velColher).
Retire o pau de canela e a estrela de anis, adicione o doce de gila e as amêndoas e programe (2min/100ºC/vel1).
Retire o copo da base e deixe arrefecer à temperatura ambiente.
Adicione as gemas ligeiramente batidas e o amido de milho e programe (5min/100ºC/vel1).
(se necessário programe mais alguns minutos à mesma temperatura até o creme engrossar)
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Forre um tabuleiro com papel vegetal e reserve.
Numa superfície enfarinhada estenda a massa com a ajuda de um rolo.
Recheie cada azevia com uma colher (sopa) do creme de gila e amêndoa.
Disponha as azevias no tabuleiro reservado e e leve ao forno durante 20-25 minutos. A meio da cozedura vire as azevias ao contrário para que cozam uniformemente.
Retire do forno e enquanto estão quentes, pincele com xarope de agáve ou mel aquecido e polvilhe abundantemente com açúcar e canela.

Strong Ginger Snaps || Biscoitos de Gengibre


Chega aquela altura do ano em que gostamos de presentear aqueles que nos são mais queridos. Os que nos fazem bem, os que queremos bem e que de alguma forma fazem parte das nossas vidas. Eu confesso que gosto de receber presentes (quem não gosta?) mas sinceramente sou mais de dar e não tanto de receber. Fico sempre sem graça e nunca sei como agradecer. Gosto de dar, não no sentido materialista da coisa, mas dar algo feito por mim, algo com significado, presentes personalizados e feitos em casa. E fico muito feliz quando vejo a pessoa a quem ofereci algo esboçar um sorriso em jeito de agradecimento, por algo que fiz com carinho. 

É normal por esta altura sermos bombardeados pelas marcas com publicidades de tudo e mais alguma coisa, com pseudo promoções que não interessam a ninguém mas que com a azáfama característica da quadra e a correria de quem deixou os presentes para a última hora acabam sempre por funcionar a favor de quem vende. Salvo uma ou outra excepção, eu prefiro fugir dessas confusões, evitar entrar nos shoppings e dou preferência ao comércio tradicional e aos presentes caseiros. E destes, as bolachas e os biscoitos fazem sempre parte. Em jeito de brincadeira costumo dizer que sou um cookie monster, pois adoro bolachas, bolinhos e biscoitos e ando sempre à procura de receitas novas para experimentar. Nunca faltam bolachas caseiras cá em casa, sempre prontas para acompanhar um chá ou um café ou mesmo para quando a fome ataca entre refeições.

No Natal, nunca faltam as bolachinhas de especiarias, nas quais a canela e o gengibre são as estrelas. Adoro estas duas especiarias e associo sempre o seu cheiro e sabor ao Natal. Os biscoitos desta receita são perfeitos para quem adora gengibre, uma vez que levam uma dose extra desta especiaria. Daí o nome original Strong Ginger Snaps. Encontrei a receita num livro lindo que comprei recentemente, o Near & Far da Heidi Swanson, autora do blog 101 Cookbooks. Mais do que um livro de receitas, este é um livro de histórias que Heidi vai contando e onde publica deliciosas receitas inspiradas nas viagens que fez por vários países. Assim que vi a receita quis de imediato testá-la e soube no momento que estes eram uns biscoitos perfeitos para partilhar neste Natal como forma de agradecimento a algumas pessoas, por fazerem parte da minha vida.


Strong Ginger Snaps | Biscoitos de Gengibre
(receita adaptada do livro Near & Far de Heidi Swanson)

Ingredientes: (para cerca de 60 biscoitos)
| 225 g de manteiga à temp. ambiente
| 165 g de açúcar amarelo
| 450 g de farinha de trigo integral
| 20 g de gengibre em pó * (usei Margão)
| 1½ c. (sopa) de bicarbonato de soda
| 2½ c. (chá) de fermento
| 1 pitada de sal
| 200 ml de mel
| 2 c. (sopa) de Golden Syrup

*NOTA: Para quem não aprecia o sabor forte e apimentado do gengibre, aconselho a reduzir a quantidade. Estes biscoitos chamam-se no original Strong Ginger Snaps, pelo facto de serem bem spicy.

Preparação Tradicional:
Pré-aqueça o forno a 175ºC.
Forre um tabuleiro com papel vegetal e reserve.
Bata a manteiga durante alguns minutos até que fique bem amolecida. Junte o açúcar e continue a bater até obter um creme esbranquiçado e fofo.
À parte misture a farinha, o gengibre, o bicarbonato, o fermento e o sal e depois adicione esta mistura em duas vezes à mistura de manteiga e açúcar.
Mexa até obter uma massa areada.
Junte o mel e o Golden Syrup e misture o suficiente para que todos os ingredientes estejam ligados.
Com as mãos molde pequenas bolas com 2 cm de diâmetro e disponha-as no tabuleiro reservado, deixando algum espaço livre entre elas (é normal a massa ficar um pouco mole, pelo que será conveniente ir polvilhando com farinha, tanto a massa como as mãos, à medida que vai moldando as bolas).
Leve ao forno durante 10-12 minutos ou até que os biscoitos comecem a ficar dourados.
Retire, deixe arrefecer um pouco e transfira os biscoitos para uma rede a fim de arrefecerem por completo.

Preparação Thermomix - Bimby:
Pré-aqueça o forno a 175ºC.
Forre um tabuleiro com papel vegetal e reserve.
Coloque a manteiga e o açúcar no copo e programe (2min/50ºC/vel2).
Junte a farinha, o gengibre, o bicarbonato, o fermento, o sal o mel e o Golden Syrup e programe (10seg/vel6).
Baixe a massa que ficou nas paredes do copo e se necessário programe mais alguns segundos na mesma velocidade.
Com as mãos molde pequenas bolas com 2 cm de diâmetro e disponha-as no tabuleiro reservado, deixando algum espaço livre entre elas (é normal a massa ficar um pouco mole, pelo que será conveniente ir polvilhando com farinha, tanto a massa como as mãos, à medida que vai moldando as bolas).
Leve ao forno durante 10-12 minutos ou até que os biscoitos comecem a ficar dourados.
Retire, deixe arrefecer um pouco e transfira os biscoitos para uma rede a fim de arrefecerem por completo.

Pudim de Azeite e Mel


Já cheira a Natal cá em casa e aos poucos o espírito natalício vai-se instalando, quer seja através de uma música que passa numa publicidade, que fica no ouvido e vou cantarolando, quer seja nas decorações que se vão espalhando pela casa ou nas receitas que vou experimentando para oferecer, que deixam no ar o perfume da canela e do gengibre, sabores muito apreciados por aqui e que sempre associo a esta quadra. É o que mais gosto de fazer por esta altura, estar fechado na minha cozinha, rodeado de tachos, panelas, formas, cortantes e tabuleiros, sentir o aroma das especiarias e sobretudo experimentar e reinventar receitas de Natal. Tirando o tradicional bolo rei e o arroz doce com muita canela - que posso comer em qualquer altura do ano e que me sabe sempre a pouco - não sou muito apreciador dos sonhos ou das rabanadas. Aliás tudo o que é frito e leva açúcar não me convence de todo, posso comer um ou dois sonhos e dou-me por satisfeito. Agora, quando falamos em rabanadas ou azevias no forno, num pudim de pão e frutos secos, aletria, broinhas de abóbora ou no tradicional pão-de-ló, aí sim, os meus sentidos despertam, fico convencido e pode ser Natal todos os dias.


Quem me conhece sabe que não sou muito apreciador desta quadra. Natal é sinónimo de família, de partilha de afectos e emoções, de sorrisos, de dar e receber. Longe vão os anos em que na noite da consoada conseguíamos ter toda a família reunida, todos sentados à volta da mesa, uma mesa cheia de comida e a casa a cheirar a sonhos de abóbora que estiveram a levedar durante quase um dia inteiro e que a minha mãe acabara de fritar. As broas de frutos secos que eram  cozidas no forno de lenha e cujo sabor nunca esquecerei. O ritual de passar os sonhos ainda quentes pelo açúcar misturado com canela. Infelizmente e por motivos de força maior, já não consigo ter toda a família junta e o Natal deixou de ter o mesmo significado. 

Mas este ano será diferente. Estarei junto dos meus queridos irmãos, dos meus sobrinhos adorados e também do meu pai. E talvez porque as saudades apertam, sinto uma certa ansiedade e conto os dias para que chegue o Natal, para estarmos todos juntos, confortavelmente sentados à lareira a conversar e quem sabe a relembrar os velhos tempos, a matar saudades e a degustar o tradicional bacalhau cozido, servido com batatas e as couves frescas da horta do meu pai, tudo regado com muito azeite. 

Sempre gostei de azeite e tive o privilégio de em pequeno poder assistir ao seu processo de transformação, desde o fruto, a azeitona, que era colhido das oliveiras do meu avô de forma tradicional, até à hora em que saía aquele líquido dourado escuro por uma pequena bica no lagar. Ainda no terreno, eram estendidos plásticos e panais e amontoavam-se cestos e baldes e cada um empunhava uma longa vara com a qual chicoteava as oliveiras fazendo com que as azeitonas caíssem. Todas eram aproveitadas, mesmo as que caíam fora do pano ou as que se escondiam por entre as ervas. Já no lagar o meu avô aguardava pela sua vez de poder colocar os quilos de azeitona numa prensa, também ela manual, onde a azeitona era espremida para dar depois origem a essa gordura deliciosa que é o azeite. Ainda no lagar, era dado a provar o azeite acabado de sair, em pequenos pedaços de pão caseiro. O que eu adorava aquele ritual!


A convite da Oliveira da Serra, tive o prazer de poder visitar no mês passado o Lagar do Marmelo, em Ferreira do Alentejo. Situado num cenário paisagístico que convida e encanta todos os que por lá passam, este lagar com a assinatura do arquiteto Ricardo Bak Gordon, é uma obra equipada com a mais recente tecnologia no que à produção de azeite diz respeito. Ali, são produzidos e selecionados os melhores azeites do mundo, obtidos a partir das cerca de 10 000 000 de oliveiras espalhadas por hectares a perder de vista. O lagar pode ser visitado por qualquer pessoa e ali podem ser provados alguns dos azeites mais premiados do mundo, sempre acompanhados do melhor pão alentejano. Nesta visita tive o privilégio de, em conjunto com outros bloggers, podermos degustar o azeite Oliveira da Serra 1ª Colheita 2015-2016. Um azeite de sabor único que é extraído das primeiras azeitonas ainda verdes. Fresco e especial, bastante intenso em aroma e com um equilíbrio perfeito entre o frutado, o amargo e o picante.

Neste evento estiveram ainda presentes alguns chefes portugueses bem conceituados, entre os quais o chef Vítor Sobral que fez as honras da casa e nos serviu um excelente almoço. O que mais me marcou e despertou o meu paladar foi um delicioso pudim de azeite e mel que foi servido na sobremesa. Não era a primeira vez que provava aquele pudim, já antes o tinha comido na Cervejaria da Esquina e na altura ficou o desejo de o fazer cá em casa. Desta vez foi servido com azeitonas confitadas  e zest de limão, algo que se tornou bastante interessante, tanto em sabor como em textura. Não é daquelas receitas que se possam comer todos os dias, devido ao elevado teor calórico, mas é uma receita perfeita para uma ocasião especial e para partilhar com aqueles que mais gostamos. Não descansei enquanto não fiz este pudim que me conquistou desde o início. Não acompanhei com as azeitonas confitadas, dei-lhe antes um ar natalício, optei antes por usar frutos vermelhos, e a combinação da acidez destes frutos com o sabor doce do pudim fazem desta uma sobremesa muito feliz. Tanto que irei repeti-la e apresentá-la na noite da consoada, na certeza de que será um sucesso.


Pudim de Azeite e Mel
(receita do Chef Vitor Sobral)

Ingredientes:
| 8 ovos
| 500g  de açúcar (usei açúcar amarelo)
| 1 c. (sopa) de raspa de laranja
| 1 c. (sopa) de raspa de limão
| 100 g de mel
| 0,5 dl de azeite virgem extra Oliveira da Serra (usei 1ª Colheita 2015/2016)
| frutos vermelhos q.b. (usei groselhas e framboesas)

Preparação Tradicional: 
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Unte com manteiga e polvilhe com farinha uma forma de bolo inglês e reserve.
Numa taça coloque os ovos e o açúcar e incorpore com as mãos de forma a que o açúcar se desfaça por completo (em alternativa use a batedeira e uma vara de arames e bata a uma velocidade baixa).
Junte as raspas de laranja e limão, o mel e o azeite e misture até todos os ingredientes ficarem bem ligados.
Verta o preparado na forma e leve ao forno cerca de 45 a 50 minutos.
Retire do forno e deixe arrefecer dentro da forma.
Desenforme e decore a gosto com frutos vermelhos.

Preparação Thermomix - Bimby:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Unte com manteiga e polvilhe com farinha uma forma de bolo inglês e reserve.
Coloque no copo os ovos e o açúcar e programe (30seg/vel3).
Junte as raspas de laranja e limão, o mel e o azeite e programe (20seg/vel3).
Verta o preparado na forma e leve ao forno cerca de 45 a 50 minutos.
Retire do forno e deixe arrefecer dentro da forma.
Desenforme e decore a gosto com frutos vermelhos.

Nankhatai || Bolachas de Cardamomo


E de repente já é Dezembro... outra vez! Os dias estão mesmo mais frios. E já nem aqueles raios de sol que brilham intensamente servem para aquecer o corpo. Sopra sempre uma brisa fria e desagradável que nos arrefece as orelhas e o nariz. As mãos só estão bem procurando o conforto dos bolsos e os pés só aquecem com umas meias bem quentinhas. Assim chega o último mês do ano, frio e sorrateiro e apesar de ainda não ser inverno, o inicio deste mês marca para mim o começar dessa estação. Gosto de tirar partido do que cada uma das estações do ano tem de melhor para nos oferecer, mas confesso que o inverno é aquela que mais me custa a passar. Ter que usar camisolas pesadas e andar sempre encasacado é algo que encaro como desagradável. É nesta altura que sinto imensas saudades do tempo em que vivia em casa dos meus pais. A lareira aberta que se mantinha acesa durante praticamente todo o dia, o conforto da cozinha sempre quente, o forno de lenha que era usado para fazer os melhores assados e cujo calor era sempre aproveitado para fazer pão caseiro. Aí sim, se tirava o maior partido dos dias frios de inverno. Hoje já não tenho esse conforto, mas procuro alternativas, consciente de que nunca será a mesma coisa. Procuro prazer no simples acto de ligar o forno para fazer uns biscoitos caseiros e com eles encher a latinha das bolachas. No conforto do sofá seguro numa chávena de chá tentando aquecer as mãos ao mesmo tempo que saboreio umas bolachinhas acabadas de fazer. As que levam especiarias são as minhas preferidas, sabores quentes e que saciam como o gengibre e a canela. Desta vez saíram umas bolachas oriundas de outro continente e com sabor a cardamomo, as Nankhatai.


As Nankhatai são umas bolachas muito populares na Índia e no Paquistão e o nome deriva da palavra persa Naan, que significa pão e da palavra afegã Khatai que significa biscoito ou bolacha. Têm como sabor predominante o cítrico do cardamomo e ficam com uma textura bastante crocante que lhes é conferida pela sêmola de milho. Para quem gosta de sabores intensos e cítricos, certamente irá apreciar bastante estas bolachas. Por aqui receberam muitos elogios e já se pensa numa nova fornada.


Com esta receita participo em mais uma edição do grupo Dia Um... Na Cozinha!, após ter falhado duas emissões seguidas. Nutro um carinho especial por este grupo, assim como pelas mentoras do mesmo. Desde que o grupo foi criado no Facebook, que participo em praticamente todas as edições. Mas por vezes torna-se complicado dar o meu contributo, e é difícil chegar a todo o lado. Quando foi anunciado o tema para esta edição, "a minha especiaria", não tive dúvidas que iria usar a minha especiaria preferida, a canela. Pensei num arroz doce que é também a minha sobremesa favorita. Mas decidi arriscar noutra especiaria que também faz parte das minhas preferências e que uso cada vez mais nas minhas receitas, o cardamomo. Esta especiaria tem um sabor forte e único e um aroma intenso, pelo que deverá ser usado com moderação. Confere às sobremesas uma fragância cítrica muito característica que torna qualquer sobremesa única e especial.


Nankhatai | Bolachas de Cardamomo
(receita do livro "Índia - Receitas Bimby")

Ingredientes:
| 180 g de açúcar
| 1/2 c. (chá) de noz moscada (usei Margão)
| 1 c. (chá) de sementes de cardamomo (usei Margão)
| 180 g de manteiga
| 1 ovo
| 120 g de sêmola de milho
| 240 g de farinha
| 1/2 c. (chá) de fermento
| 40 amêndoas (pode substituir as amêndoas por cajus, pistácios ou nozes)

Método Tradicional:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Coloque as sementes de cardamomo num almofariz e reduza-as a pó. Reserve.
Bata a manteiga até esta ficar bem amolecida. Adicione o açúcar, a noz moscada e as sementes de cardamomo e bata mais um pouco.
Junte o ovo, a sêmola de milho, a farinha e o fermento e misture muito bem até que os ingredientes fiquem bem ligados e obtenha uma massa homogénea e moldável.
Faça 40 pequenas bolas e coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal deixando algum espaço entre elas. Coloque 1 amêndoa no centro de cada bola pressionando ligeiramente.
Leve ao forno a 180ºC cerca de 20 minutos.

Método Thermomix - Bimby:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Coloque no copo o açúcar, a noz moscada e as sementes de cardamomo e pulverize (15seg/vel9).
Adicione a manteiga e programe (25seg/vel6). Com a ajuda da espátula baixe o que ficou na parede do copo.
Adicone o ovo, a sêmola de milho, a farinha e o fermento e programe (40seg/vel3).
Faça 40 pequenas bolas e coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal deixando algum espaço entre elas. Coloque 1 amêndoa no centro de cada bola pressionando ligeiramente.
Leve ao forno a 180ºC cerca de 20 minutos.