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Empadas de Pato e o EAT OUT Lisboa


Gosto de petiscar. E no que toca a petiscos a gastronomia portuguesa tem muito para oferecer. Tirando os espanhóis, que têm enraizado na sua cultura a conceito das tapas, não deve haver mais nenhum povo que goste tanto de petiscar como nós, portugueses. E esta ideia de petiscar é algo que me acompanha desde sempre. Lembro-me de tantas vezes ouvir em casa dos meus pais a expressão "mas que belo petisco" ou então quando o meu pai chegava a casa ao fim da tarde e enquanto a minha mãe ainda estava a preparar o jantar ele dizia "deixa-me mas é petiscar qualquer coisa". E esse "qualquer coisa" tanto podiam ser umas azeitonas com pão caseiro, como podia ser umas rodelas de chouriço caseiro que ele acabava de tirar do fumeiro, um pedaço de queijo que ele cortava em pedaços pequenos ou uma lata de sardinhas em conserva. Claro que eu era incapaz de resistir e ainda que a minha mãe não ficasse muito contente, pois dali a minutos o jantar estava na mesa, eu acabava sempre por petiscar com ele. E deliciava-me a molhar o pão naquela lata de sardinhas.

Por norma não costumo planear as refeições que fazemos cá em casa, gosto de ir cozinhando ao sabor do que vai chegando da horta do meu sogro, aproveitando o que está no frigorífico e na despensa e experimentando um ou outro ingrediente diferente que acabo por comprar. Mas as refeições são sempre feitas em maiores quantidades. Dá sempre jeito num dia em que se chega mais tarde a casa ter uma refeição no frigorífico pronta a aquecer. E foi a pensar numa refeição dessas que preparei estas Empadas de Pato. Comprei um pato inteiro com a ideia de fazer um Arroz de Pato no forno. Mas como o pato era grande e sobrou bastante, peguei numas bases de massa fina cujo prazo de fim de validade se estava a aproximar e em pouco tempo tinha umas deliciosas empadas a sair do forno.


Felizmente não vão faltando sítios e eventos para petiscar. Ou mesmo para saborear uma deliciosa refeição acompanhada de uma cerveja, um bom vinho, conversas animadas e muitas gargalhadas. Já não existem ou, infelizmente, vão sendo cada vez menos aquelas tavernas antigas que vendiam vinho a copo e onde um grupo de amigos se podia sentar e degustar um bom prato de moelas ou uns deliciosos pipis, uma morcela assada ou uns pezinhos de coentrada. Os tempos evoluíram e hoje tudo é diferente mas existem sempre novos espaços onde ainda se podem passar bons momentos a petiscar. E também não vão faltando eventos gastronómicos que nos desafiam a sair de casa, a sociabilizar e a conhecer o que de melhor se vai fazendo na nossa gastronomia. Por exemplo, o evento Rota de Tapas Estrella Damm que está a decorrer até domingo na cidade de Lisboa e no qual podem petiscar, conviver e saborear a verdadeira tradição cervejeira. 

Mas venho falar-vos de um outro evento gastronómico que acontece já a partir de hoje e se prolonga durante três dias, o EAT OUT Lisboa. O EAT OUT tem como objetivo reunir em espaços inusitados alguns dos melhores chefes e restaurantes de Portugal. Irá acontecer em várias cidades a nível nacional, mas Lisboa é a primeira cidade a receber este evento que irá acontecer na Garagem Auto Palace, junto ao Largo do Rato. Ali estarão a representar a gastronomia portuguesa alguns dos chefes mais conceituados de Portugal, bem como restaurantes da cidade, marcas com conceitos únicos, boa música e uma decoração irreverente que irá proporcionar bons momentos de convívio e uma experiência única de degustação de refeições deliciosas e inesquecíveis. Se estiverem pela cidade de Lisboa ou se não estiverem mas quiserem deslocar-se, vão até ao Largo do Rato e até domingo poderão almoçar e/ou jantar num ambiente descontraído, animado e onde poderão sempre saborear uma bela refeição acompanhada de uma Estrella Damm.


Empadas de Pato


Ingredientes: (para 6 empadas)


| 12 discos de massa fina Buitoni

| 300 g de pato cozido e desfiado *
| 1 cebola média
| 1 dente de alho
| 1 fio de azeite
| pimenta preta acabada de moer
| flor de sal q.b.
| 1 raminho de tomilho fresco
| 1 dl de água tépida
| 1 c. (chá) de amido de milho
| 1 ovo inteiro
| sementes de sésamo q.b.

*Nota: para cozer o pato, coloquei um pato cortado em pedaços numa panela com água, temperei com sal, e juntei 1 cebola inteira com alguns cravinhos espetados. Adicionei ainda 1 folha de louro, 1 raminho de coentros frescos e outro de tomilho fresco. Cozinhei durante 1 hora e a meio da cozedura acrescentei um pouco de água.

Preparação:
Forre 6 formas de queques com os discos de massa fina e reserve.
Numa caçarola coloque um fio de azeite, junte a cebola e o alho picado e refogue até a cebola ficar dourada.
Adicione o pato desfiado, algumas folhas de tomilho fresco, tempere com flor de sal e pimenta preta acabada de moer e salteie durante 2 minutos.
À parte dilua o amido de milho na água tépida e junte de uma vez só ao pato desfiado.
Mexa um pouco até engrossar e rectifique os temperos, se achar necessário. Deixe arrefecer.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Distribua o preparado pelas 6 formas e tape cada uma delas com os 6 discos de massa restantes, pressionando à volta com os dedos, de forma a que os discos de massa colem um no outro.
Se achar necessário, corte o excesso de massa à volta, deixando cerca de 1cm de massa em excesso.
Dobre a massa para dentro, pincele com ovo batido e salpique com algumas sementes de sésamo.
Leve ao forno durante 20 minutos, ou até que as empadas comecem a ficar douradas.

Brownies de Batata Doce


Se dúvidas haviam, o tempo que se tem feito sentir nestes últimos dias tem sido bastante esclarecedor. O outono chegou e veio para ficar. Aos poucos já me consegui habituar à ideia dos dias mais frios e cinzentos. Esta não é de todo a minha estação do ano preferida, mas ainda assim é impossível não nos deixar-mos seduzir pelas tantas coisas boas que ela traz na bagagem. Basta sair à rua e depararmos-nos com paisagens deslumbrantes, em tons de laranja, castanho e dourado. As folhas que caem das árvores e aos poucos vão pintalgando o chão, formando um manto que dá prazer de pisar. O inconfundível cheiro das castanhas assadas que paira no ar, o cheiro do fumo das lareiras que se vão acendendo aqui e ali, porque já apetece. Cheiro a casa, cheiro de conforto, de aconchego. E é dentro de casa, no conforto do espaço que é nosso que estes dias sabem bem. Ligamos o forno e fazemos aquela receita deliciosa que há tanto tempo havíamos marcado. Colocamos a chaleira ao lume, preparamos o nosso chá preferido e lanchamos, sem pressas. 

Dias estes que, com a mudança de horário se tornam mais pequenos e com menos luz. Para mim é sempre difícil habituar-me a esta ideia de que a hora mudou, pelo menos nos primeiros tempos. Entre casa e trabalho, é pouco o tempo que resta para os afazeres pessoais. A sensação que fica é de que passámos um dia inteiro a trabalhar, quando chegamos a casa já é de noite e já estamos a planear o dia seguinte. Valham-nos os fins de semana que nos permitem ligar o forno e fazer refeições mais demoradas. 


E se o que apetece são refeições de conforto, daquelas que saciam e nos deixam bem satisfeitos, o mesmo se aplica às sobremesas. E dentro desta categoria entram os brownies. Quadradinhos gulosos de chocolate, com um ar tão inocente, mas no entanto é tão difícil resistir-lhes. Mas, e se pudermos comer uns brownies saudáveis?! Não são tão gulosos como os decadentes brownies originais, mas ainda assim não ficam nada atrás. Com uma textura diferente, mas com um sabor irresistível e que podemos comer sem culpas, pois esta receita não leva qualquer açúcar refinado e é totalmente vegetariana, livre de lactose e sem glúten. 

A receita original pertence a Ella Woodward, autora de Deliciously Ella, mas foi no blog da querida Inês, Ananás e Hortelã, que eu a encontrei e logo marquei para fazer. Mais tarde o Filipe também publicou a sua irresistível versão desta receita no Chilli com Todos, na qual usou arandos vermelhos. É com certeza uma receita a experimentar. Fiquei-me pela versão mais simples que me conquistou e que se revelou uma verdadeira surpresa, quer em sabor, quer em textura. Mas o melhor mesmo é vocês experimentarem. Sim, porque a partir de agora já não tem desculpas para deixar de comer uma sobremesa.


Brownies de Batata Doce
(receita de Ella Woodward, autora de Delicioslly Ella)

Ingredientes:
| 2 batatas doces médias (cerca de 400 g)
| 15 tâmaras descaroçadas
| 60 g de farinha de trigo sarraceno
| 60 g de amêndoa moída
| 1 pitada de sal
| 4 c. (sopa) de cacau cru em pó
| 4 c. (sopa) de xarope de agave
| 1 c. (sopa) de óleo de coco
| cacau em pó p/ polvilhar

Método Tradicional:
Forre um tabuleiro pequeno e quadrado com papel vegetal e reserve (para facilitar esta tarefa, unte levemente a forma com manteiga, antes de colocar o papel vegetal).
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Descasque as batatas doces, corte-as em cubos e leve a cozer durante 15-20 minutos, até se desfazerem.
Coloque as batatas e as tâmaras num processador de alimentos e triture até obter um puré homogéneo.
À parte misture os restantes ingredientes e junte a eles o puré.
Mexa bem até todos os ingredientes ficarem bem ligados.
Coloque a massa no tabuleiro e use uma espátula ou colher para espalhar a alisar a superfície.
Leve ao forno cerca de 18-20 minutos.
Deixe arrefecer 10 minutos. Desenforme, corte em quadrados e polvilhe com cacau em pó.

Método Thermomix - Bimby:
Forre um tabuleiro pequeno e quadrado com papel vegetal e reserve (para facilitar esta tarefa, unte levemente a forma com manteiga, antes de colocar o papel vegetal).
Coloque 800 g de água no copo, descasque as batatas doces, corte-as em cubos e leve-as a cozer no cesto, programando (20 min/100ºC/vel2).
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Escorra as batatas e coloque-as no copo limpo, juntamente com as tâmaras e programe (20seg/vel5). Insira, se necessário, a espátula pelo bocal para ajudar a triturar.
Junte os restantes alimentos e programe (20seg/vel4).
Coloque a massa no tabuleiro e use uma espátula ou colher para espalhar a alisar a superfície.
Leve ao forno cerca de 18-20 minutos.
Deixe arrefecer 10 minutos. Desenforme, corte em quadrados e polvilhe com cacau em pó.

Pão de Batata Doce Roxa [na cocotte]


Acho que não existe sensação mais maravilhosa neste mundo do que aquela que experimentamos quando sentimos o cheiro de um pão acabado de sair do forno. Não sei explicar, é um turbilhão de sentimentos, uma espécie de felicidade misturada com uma enorme vontade de comer aquele pão ainda quente e a fumegar, de ver aquela noz de manteiga derreter numa fatia acabada de cortar, finalmente trincar e assim satisfazer a minha gula. É dos alimentos que sempre me recordo de ter gostado e o cheiro do pão quente é dos poucos que me transporta até à minha infância. Sempre fui, desde criança, habituado a respeitar o pão, e muitas vezes ouvi dizer que "não se deve brincar com o pão", pois aquele era o alimento rei que nunca faltava à mesa a qualquer refeição e jamais em circunstância alguma seria desperdiçado. Se haviam sobras, essas eram aproveitadas para fazer torradas ou para umas migas. 

Posso dizer que ainda sou do tempo em que o padeiro vinha bem cedo entregar o pão à porta de casa. Um luxo que acontecia todos os dias da semana na aldeia onde vivi grande parte da minha infância e adolescência. Nada comparado com o pão que hoje encontramos à venda nas grandes superfícies comerciais. Outra das razões que me leva a respeitar e a olhar para o pão como um alimento quase sagrado, é o facto de ter tido o privilégio de, em criança, poder ter acompanhado de perto todo o processo de transformação deste alimento. O meu pai trabalhou durante muitos anos num celeiro onde era feita a secagem de alguns cereais como o trigo, o milho, o arroz ou a cevada. Ali tive um contacto directo com a matéria prima que dá origem ao alimento de todos os dias. Bem perto da minha casa existia o moinho do "Ti Xico", um moinho já antigo e cuja pedra de moer era movida pela força da água de uma ribeira que por ali passava. Eu adorava lá ir com a minha mãe quando ela ia comprar as farinhas para fazer o nosso pão e adorava perder-me pelos recantos do moinho, tentar perceber toda a mecânica da moagem e claro, encher-me de farinha e levar com o raspanete da praxe.


Lá em casa existia o forno de lenha e o pão era feito em grandes quantidades. Lembro-me tão bem do tabuleiro de madeira onde a minha mãe amassava até à exaustão a massa do pão. O processo de levedação e o moldar dos vários pães, até ao momento de irem ao forno. Sobrava sempre um pouco de massa à qual era adicionado um pouco de açúcar, uma ou outra vez umas passas de uva ou umas nozes que davam origem a um delicioso pão doce que fazia as minhas delícias. Outras vezes saía um pão de azeite, não menos delicioso. Mas o pão que nos alimentava todos os dias, esse era amassado com alma, com carinho e era tratado com respeito. Saía uma fornada que depois era conservada num armário mosquiteiro. Bons tempos aqueles, que em nada se comparam com o pão dos nossos dias. Por mais que eu tente fazer pão em casa - e acreditem, faço-o muitas vezes - nada se compara ao pão daqueles tempos, pão que era amassado à mão e cozido em forno de lenha.

Hoje assinala-se mais um Dia Mundial do Pão, e por todo o mundo é celebrado o World Bread Day, um movimento criado com o objectivo de desafiar toda a gente a meter as mãos na massa e cozinhar um pão neste dia. Desde que criei o blog que tento sempre participar e opto por escolher sempre um pão diferente daqueles que estamos habituados a ver no nosso dia-a-dia. Essa é também a parte boa dos desafios, podermos sair da nossa zona de conforto e aventurarmos-nos com ingredientes e técnicas diferentes do habitual. Para esta edição trago um pão que há muito tempo queria experimentar. A receita é deste livro mas foi no blog Lady and Pups que eu a descobri. Logo ficou registada no Pinterest, à espera da sua vez para ser feita. A batata doce roxa é o ingrediente que marca aqui a diferença e apesar de o ingrediente usado na receita original ser o inhame roxo (que é muito dificil encontrar), optei por usar a batata doce, pois ambos são tubérculos ou raízes e o resultado final é muito semelhante. Aconselho-vos mesmo a experimentarem este pão e a seguir todos os passos para obterem um pão delicioso, com uma crosta estaladiça e que vão querer repetir.


Pão de Batata Doce Roxa
(receita adaptada do blog Lady and Pups)

Ingredientes:
| 200 g de farinha de trigo
| 200 g de farinha de espelta
| 300 ml de água tépida
| 150 g de batata doce roxa assada
| 1 c. (café) de sal fino
| 1/2 saqueta de fermento seco (usei Fermipan)

NOTAS: 
1 - Para assar a batata doce, coloque-a num tabuleiro e leve ao forno pré-aquecido a 200ºC durante 30 minutos.
2 - Este pão necessita de cerca de 1 hora de preparação, entre 2 a 3 horas para levedar à temperatura ambiente, cerca de 12 horas de refrigeração e mais 1 hora para cozer, até estar pronto a servir. Por isso, e para obter um resultado perfeito, o ideal será prepará-lo de véspera.
3 - A temperatura ideal para a massa do pão levedar será entre os 25ºC-26ºC, por isso é importante que a água usada ronde a temperatura de 37ºC.
4 - Podem usar as farinhas que mais gostarem e misturá-las nas quantidades desejadas, desde que seja respeitada a quantidade total de 400g.

Método Tradicional:
Numa tigela larga misture com um garfo as farinhas e a água previamente aquecida à temperatura de 37ºC até obter uma massa uniforme.
Cubra a tigela com película aderente e deixe a massa repousar durante 20-30 minutos.
Adicione a batata doce roxa previamente esmagada com um garfo, junte o sal e o fermento.
Coloque a mistura na taça de um robot de cozinha com o gancho de amassar ou use a batedeira com os ganchos de amassar e amasse durante 20 minutos a uma velocidade média-baixa (se optar por amassar à mão, deverá fazê-lo durante 10 minutos, amassando e dobrando a massa sobre ela própria várias vezes; deixe a massa repousar um pouco e volte a amassar e a dobrar várias vezes durante mais 10 minutos). Irá obter uma massa pegajosa e húmida, mas suave e elástica e se puxada com os dedos terá um aspecto fibroso.
Tape a taça ou tigela com um pano grosso e deixe levedar à temperatura ambiente, num local seco, durante cerca de 3 horas, ou até que a massa triplique de volume.
Quando a massa tiver triplicado de volume, coloque a tigela no frigorífico e leve a refrigerar durante pelo menos 12 horas (é normal que a massa baixe o seu volume, não há motivo para preocupação).
Pré-aqueça o forno a 220ºC.
Coloque a cocotte no forno durante 10-15 minutos para que aqueça.
Transfira a massa para uma superfície enfarinhada, polvilhe com farinha e forme uma bola.
Coloque a bola de massa sobre uma folha de papel vegetal polvilhada com farinha.
Retire a cocotte do forno (deverá tomar as devidas precauções para evitar queimar-se) e coloque dentro dela a folha de papel vegetal com a massa do pão.
Com uma lâmina ou x-ato, faça um corte em forma de cruz na superfície da massa, polvilhe com farinha e tape a cocotte com a tampa.
Leve ao forno durante 30 minutos. Terminado o tempo, retire a tampa da cocotte e deixe mais 10-15 minutos, até que seja formada uma crosta dourada.
Retire o pão da cocotte e deixe arrefecer numa grelha (se conseguir resistir).

Método Thermomix - Bimby:
Colocar no copo a água e o fermento e programe (2min/37ºc/vel1).
Junte as farinhas, a batata doce assada e o sal e programe (10min/velEspiga).
Transfira a massa para uma tigela larga , tape com um pano grosso e deixe levedar à temperatura ambiente, num local seco, durante cerca de 3 horas, ou até que a massa triplique de volume.
Quando a massa tiver triplicado de volume, coloque a tigela no frigorífico e leve a refrigerar durante pelo menos 12 horas (é normal que a massa baixe o seu volume, não há motivo para preocupação).
Pré-aqueça o forno a 220ºC.
Coloque a cocotte no forno durante 10-15 minutos para que aqueça.
Transfira a massa para uma superfície enfarinhada, polvilhe com farinha e forme uma bola.
Coloque a bola de massa sobre uma folha de papel vegetal polvilhada com farinha.
Retire a cocotte do forno (deverá tomar as devidas precauções para evitar queimar-se) e coloque dentro dela a folha de papel vegetal com a massa do pão.
Com uma lâmina ou x-ato, faça um corte em forma de cruz na superfície da massa, polvilhe com farinha e tape a cocotte com a tampa.
Leve ao forno durante 30 minutos. Terminado o tempo, retire a tampa da cocotte e deixe mais 10-15 minutos, até que seja formada uma crosta dourada.
Retire o pão da cocotte e deixe arrefecer numa grelha (se conseguir resistir).

Brioche de Mirtilos


Adoro meter as mãos na massa. Literalmente. As receitas que mais prazer me dão fazer, aquelas em que sujamos as mãos, espalhamos farinha por todo o lado e sentimos a textura dos ingredientes. A leveza da farinha que aos poucos se deixa abraçar pelos ovos e pelo açúcar, o cheiro da manteiga que nos deixa ansiosos pelo resultado final, por querer provar uma fatia daquele pão ou bolo ainda quente. O próprio amassar dos ingredientes, a magia de ver crescer uma massa linda e fofa que no final fará as delícias de todos. São estas receitas que mais gosto de fazer, ter de trabalhar a massa, sem pressas, dedicando muito amor, alguma paciência, fazendo daquela uma receita perfeita e saborosa. Ao mesmo tempo deixo-me embalar pelas gotas da chuva que cai lá fora enquanto aprecio o perfume que se vai espalhando na minha cozinha. Enquanto a massa leveda, folheio um livro de culinária, contemplo as suas lindas imagens e viajo para outros continentes, outras culturas, através da descrição de uma receita que leio e na qual descubro um ou outro ingrediente novo que vou querer comprar ou uma nova técnica que vou querer experimentar. Tiro algumas notas, marco algumas receitas que quero experimentar e espero pacientemente o momento de meter o bolo no forno. Aqui a tensão aumenta pois fico sempre na expectativa se o resultado final da receita ficará ou não como idealizei inicialmente. Depois é ver a magia acontecer, o bolo que cresce no forno o perfume que se intensifica despertando os meus sentidos e finalmente a hora de provar e constatar que as expectativas foram superadas.


Há livros de culinária que nos conquistam pelo seu autor, porque já conhecemos e seguimos o seu trabalho e sabemos à partida que aquele livro tem tudo para nos agradar. Outros há que nos conquistam pelo nome ou pela capa. Foi assim que adquiri o Huckleberry da autoria de Zoe Nathan. Um livro que tenho há algum tempo e que me conquistou pela fotografia de capa. Apenas conhecia Zoe pelo Instagram, sabia que ela era proprietária de uma padaria e café em Santa Monica, Los Angeles, com o mesmo nome do livro. O livro é um pouco o reflexo das receitas que Zoe vai desenvolvendo para vender na sua padaria e que partilha nas redes sociais e, acreditem, cada uma mais apetecível que a outra. Desde bolos, bolinhos, bolachas, muffins, biscoitos, panquecas, pão ou sanduiches, toda uma série de receitas que nos levam a querer passar mais tempo na cozinha e a querer ligar o forno. Este Brioche de Mirtilos, que Zoe escolheu para ilustrar a capa do livro, foi a primeira receita a ser marcada e acreditem é mesmo uma delícia. Uma massa fofa, leve e pouco doce, que se deixa envolver nos mirtilos formando um casamento perfeito e que nos apresenta uma crosta açucarada fazendo com que não fiquemos apenas pela primeira fatia. Se quiser elevar este brioche a outro nível, experimente juntar aos mirtilos algumas amêndoas laminadas. Este é um pão perfeito para ser servido num lanche ou pequeno almoço, acompanhado de uma manteiga ou compota e que pode ser conservado durante três dias. Ou não. Tudo irá depender da forma como resistirá ao seu sabor  e textura ou arriscar-se-á a vê-lo desaparecer em menos de três horas.


Brioche de Mirtilos
(receita adaptada do livro Huckleberry de Zoe Nathan)

Ingredientes:
| 225 g de mirtilos frescos *
| 2 c. (sopa) de leite
| 1 saqueta de fermento seco
| 550g de farinha de trigo
| 80 g de açúcar granulado
| 1 pitada de sal fino
| 3 ovos + 1 gema
| 140 g de manteiga s/ sal

| 1 gema de ovo
| 1 c. (sopa) de leite
| açúcar granulado q.b. p/ polvilhar

*Nota: Poderá usar mirtilos congelados, no entanto convém que escorra bem o liquido proveniente da descongelação.

Método Tradicional:
Dilua a fermento no leite ligeiramente aquecido.
Coloque a farinha numa taça larga, faça um buraco no centro e junte aí a mistura de leite e fermento.
Comece a amassar com as mãos e adicione 2/3 do açúcar, 1 pitada de sal, os ovos e a gema. Amasse bem com as mãos até obter uma mistura areada e os ingredientes começarem a ligar.
Adicione a manteiga em pedaços e amasse bem durante alguns minutos até obter uma massa homogénea, moldável e que despegue dos dedos (se achar necessário, acrescente mais 1 ou 2 c. (sopa) de farinha ou leite, conforme a massa estiver mais húmida ou mais seca).
Forme uma bola com a massa e deixe repousar alguns minutos.
Transfira a massa para uma superfície enfarinhada e estenda-a com o rolo, formando um rectângulo com cerca de 40cm x 25cm (o tamanho dependerá da forma rectangular que irá usar, correspondendo o tamanho mais curto (25cm) ao comprimento da forma).
Distribua os mirtilos sobre a massa, pressionando-os ligeiramente e polvilhe com o restante açúcar.
Enrole a massa a partir da extremidade mais curta, formando um rolo.
Coloque a massa enrolada numa forma rectangular previamente untada com manteiga e deixe levedar durante 2 horas ou até que a massa dobre de volume, num local seco e sem correntes de ar.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Bata a gema de ovo com o leite e pincele com esta mistura a superfície do brioche.
Polvilhe generosamente com açúcar granulado.
Leve ao forno durante 40 a 45 minutos. Terminado o tempo, deixe arrefecer na forma por 15 minutos e depois desenforme.

Método Thermomix - Bimby:
Coloque no copo o leite e o fermento e programe (1min/37ºC/vel1).
Junte a farinha, 2/3 do açúcar, 1 pitada de sal, os ovos e a gema e programe (10seg/vel6).
Adicione a manteiga em pedaços e programe (3min/velEspiga) (se achar necessário, acrescente mais 1 ou 2 c. (sopa) de farinha ou leite, conforme a massa estiver mais húmida ou mais seca).
Forme uma bola com a massa e deixe repousar alguns minutos.
Transfira a massa para uma superfície enfarinhada e estenda-a com o rolo, formando um rectângulo com cerca de 40cm x 25cm (o tamanho dependerá da forma rectangular que irá usar, correspondendo o tamanho mais curto (25cm) ao comprimento da forma).
Distribua os mirtilos sobre a massa, pressionando-os ligeiramente e polvilhe com o restante açúcar.
Enrole a massa a partir da extremidade mais curta, formando um rolo.
Coloque a massa enrolada numa forma rectangular previamente untada com manteiga e deixe levedar durante 2 horas ou até que a massa dobre de volume, num local seco e sem correntes de ar.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Bata a gema de ovo com o leite e pincele com esta mistura a superfície do brioche.
Polvilhe generosamente com açúcar granulado.
Leve ao forno durante 40 a 45 minutos. Terminado o tempo, deixe arrefecer na forma por 15 minutos e depois desenforme.

Sopa de Batata Doce Assada, Coco e Cardamomo


Regressar de férias traz sempre um ligeiro sabor amargo. Por mais que tentemos um regresso pacífico à normalidade, a verdade é que fica sempre o desejo de mais uns dias de descanso, de lazer e de preguiça. E os últimos dias do mês de Setembro foram tudo isso e muito mais. Acordar sem ter horários ou um despertador a lembrar que existe uma série de obrigações que deverão ser cumpridas, tomar demoradamente o pequeno almoço num local paradisíaco, ir para a praia e simplesmente ficar, sem preocupações, até o sol se pôr se assim me apetecer. Foram dias bons, dias cheios e preenchidos como há muito tempo eu não me lembrava de ter tido. O bom tempo esteve sempre presente e mesmo no único dia cinzento deu para passear e ainda fomos presenteados com uma paisagem deslumbrante de flamingos que procuravam por comida numas salinas ali por perto. Um verão que foi ficando e que nos ofereceu noites quentes que nos permitiram sair sempre à rua e saborear os melhores gelados artesanais com sabores tão peculiares. Que nos permitiu assistir a alguns dos mais lindos pores do sol. Que nos deixou provar tantos petiscos e comer o melhor peixe ainda fresco. Dias revigorantes que me permitiram estar em contacto com a natureza e usufruir de paisagens únicas. Deixar tudo isto para trás custa. Fica o desejo de voltar e poder gozar de todas estas regalias novamente. Ficam as imagens lindas para matar saudades. E fica a promessa de voltar novamente, mesmo durante os dias mais frios, só para matar saudades. Porque afinal o verão e os dias longos e luminosos não duram para sempre e o Outono já está aí. Chega aquela altura em que colocamos os chinelos de lado, arrumamos os calções de banho e as toalhas de praia e damos lugar aos ténis, às calças e às camisolas. As noites já estão frias e já pedem refeições quentes e reconfortantes e quase já é impossível sair de manhã para trabalhar sem ter que vestir um casaco. Os jardins ganham outras tonalidades, mais escuras, mas ainda assim deslumbrantes. Os dourados, os castanhos e os esverdeados das folhas que nos cativam o olhar e que aos poucos vão despindo as árvores. 


Estar de férias permite-nos descansar e relaxar, não só do trabalho diário, mas também das tarefas do dia-a-dia, como cozinhar por exemplo. Mas confesso que das coisas que mais saudades tenho durante as férias é mesmo poder meter as mãos na massa, mexer nos tachos e panelas e poder cozinhar. E quando a ausência de casa começa a ser prolongada, há sempre aqueles pratos dos quais sentimos mais falta. Sopas. Adoro sopas e acho que podia alimentar-me delas todos os dias. E ainda que nos dias mais quentes elas sejam substituídas por saladas, a verdade é que a sopa faz parte de uma alimentação equilibrada e é uma escolha saudável que  faço questão de ter sempre em casa. Tinha saudades de uma boa sopa caseira, pelo que esta foi mesmo a primeira refeição que fiz ao chegar a casa. Não tinha desculpas para não poder usar as melhores batatas doces do país, que comprei no meu regresso, na vila de Aljezur. Adoro batata doce e estas têm mesmo um sabor especial e são para mim as melhores. E se gosto de as comer assadas, nesta sopa também ficam deliciosas, oferecendo-nos um creme aveludado e perfumado pelo sabor cítrico do cardamomo e do coco. Uma sopa que já é repetente cá em casa e que sabe tão bem nestes dias mais frios de outono, quando o estômago pede algo mais quente e reconfortante. Uma sopa inspirada na cozinha de Jamie Oliver, repleta de sabores e texturas que nos conforta a alma e que nunca nos deixa ficar mal.


Sopa de Batata Doce Assada, Coco e Cardamomo

Ingredientes:
| 3 vagens de cardamomo (usei Margão)
| 2c. (sopa) de óleo de amendoim
| 1 cebola média
| 600 g de batata doce assada
| 1 porção de 4 cm de gengibre ralado
| 2 dentes de alho
| 400 ml de leite de coco light
| 800 ml de caldo de legumes
| sal e pimenta q.b.
| umas gotas de sumo de limão 

{para servir}
| crème fraîche ou natas frescas q.b.
| coentros frescos
| coco laminado 
| poppadoms (opcional)

Preparação Tradicional:
Descarte as cascas das vagens de cardamomo e esmague as sementes no almofariz.
Aqueça o óleo de amendoim num tacho, em lume baixo.
Adicione a cebola picada e uma pitada de sal e refogue cerca de 10 minutos ou até a cebola ficar translúcida.
Junte a batata doce assada e sem a pele, o gengibre ralado, os dentes de alho esmagados e as sementes de cardamomo e salteie durante 1 ou 2 minutos.
Adicione o leite de coco e deixe levantar fervura. 
De seguida, junte o caldo de legumes, coloque a tampa no tacho e deixe cozinhar cerca de 10 a 15 minutos.
Coloque o preparado num liquidificador ou robot de cozinha e programe o turbo alguns segundos, até obter um creme aveludado.
Rectifique os temperos, adicionando a gosto, sal, pimenta e umas gotas de sumo de limão.
Sirva em doses individuais, finalizando com um fio de crème fraîche, coentros frescos e coco laminado.
Acompanhe com poppadoms, partidos em pedaços (opcional).

Preparação Thermomix - Bimby:
Descarte as cascas das vagens de cardamomo e esmague as sementes no almofariz.
Colo no copo o óleo de amendoim e programe (3min/100ºC/vel1).
Adicione a cebola inteira e programe (5seg/vel5). Junte uma pitada de sal e programe (5min/100ºC/vel1).
Junte a batata doce assada e sem a pele, o gengibre ralado, os dentes de alho esmagados, as sementes de cardamomo e o leite de coco. Programe (5min/100ºC/vel1).
Junte o caldo de legumes e programe (10min/100ºC/vel1).
Triture, programando progressivamente 1min nas velocidades 3,5 e 7.
Rectifique os temperos, adicionando a gosto, sal, pimenta e umas gotas de sumo de limão.
Sirva em doses individuais, finalizando com um fio de crème fraîche, coentros frescos e coco laminado.
Acompanhe com poppadoms, partidos em pedaços (opcional).