Ouvir o som do amolador de tesouras num domingo de manhã, em pleno mês de Agosto, é algo que pode parecer no mínimo estranho ou surreal. Mas hoje, ao acordar, ouvi o som mágico daquela flauta que em segundos me transportou à minha infância e aos primeiros dias de outono. É um som que sempre associei a dias cinzentos e com chuva, pois era nestes dias que o amolador se fazia transportar na sua bicicleta carregada de apetrechos, correndo todas as ruas da vila enquanto tocava aquela melodia que ficava no ouvido e na esperança de que aparecesse um cliente para afiar uma faca ou uma tesoura ou mesmo consertar as varetas de um chapéu-de-chuva velho e gasto pelo tempo. Ainda meio ensonado esperei que a melodia voltasse a invadir o meu quarto para ter a certeza que não acabava de regressar de um sonho. Sim, a melodia voltou e era mesmo o amolador que se fazia anunciar. Até aqui tudo normal, ou não estivéssemos no pico do verão. Ao abrir a janela tive a confirmação da aparição do amolador. Um domingo de Agosto que acordara cinzento e a ameaçar com chuva. Agosto não tem sido um mês de verão por excelência. Com noites frias, dias ventosos e pequenas nuvens ameaçadoras bem lá no alto. Ao mesmo tempo soube bem acordar assim, com aquela melodia e esta brisa fresca que pede um pequeno-almoço bem reconfortante. Dando tréguas à preguiça, vou até à cozinha e dou de caras com as amoras que colhi durante a tarde de ontem. Começo por comer uma, e outra e mais outra e não tenho dúvidas que são elas que irão completar o meu pequeno-almoço.
Amoras! Outra das minhas memórias de infância. Haver amoras maduras nas silveiras para mim era sinónimo de que estávamos no mês de Agosto, era tempo de férias grandes e de rever os primos emigrados. Se havia coisa que me dava prazer era ir com os meus primos colher amoras silvestres. Íamos sempre às mais gordas, aquelas que mais brilhavam e que saciavam a nossa gula. Muitos arranhões depois e com a roupa manchada, chegávamos a casa felizes e realizados, de barriga cheia e com caixas cheias de amoras. De seguida vinha o ralhete da praxe pelas manchas na roupa e na pele, mas isso não era nada comparado com aquele prazer de infância que tornava os longos e quentes dias de Agosto tão perfeitos e únicos. Das muitas coisas boas que o verão tem para nos oferecer, são as amoras silvestres. E mesmo num dia cinzento e com temperaturas mais baixas, elas estão aí a fazer-nos lembrar que é verão e há que tirar partido disso. Optei por usá-las num parfait, uma receita rápida para uma refeição preguiçosa, bem ao sabor dos meus dias, para tornar especial o nosso pequeno-almoço. E num piscar de olhos, as amoras devolveram o sol a este dia com sabor a verão.
Parfait de Amoras Silvestres
Ingredientes: (receita para 2 pessoas)
| 1 chávena de amoras silvestres
| 2 iogurtes gregos naturais
| 1 chávena de granola caseira
| mel ou xarope de agave q.b.
Preparação:
No fundo de um frasco ou copo, forme uma camada de granola e regue com um fio de mel.
De seguida adicione metade do iogurte grego e sobre este faça uma camada de amoras.
Adicione mais uma camada de granola e adoce com um fio de mel.
Esmague 1 c. (sopa) de amoras através de um passador de rede fina, descarte as grainhas e adicione o sumo ao restante iogurte, mexendo.
Coloque o iogurte no frasco formando uma camada e de seguida adicione mais amoras.
Termine com uma última camada de granola e amoras silvestres.
Se preferir pode colocar no frigorifico cerca de 1/2 hora antes de servir, para refrescar.
As tuas fotos falam por si e mais parecem quadros que nos transportam para esse lado, imaginando sabores e cheiros, acompanhados pelas tuas histórias e memórias encantadoras...
ResponderEliminarbeijinho e bom restinho de domingo!
Olá Célio: gosto sempre muito de ler os teus textos, muito bem escritos e com"alma". Lembro-me também do amolador e da sua música. Por cá, até "remendavam" pratos e outras loiças de barro.
ResponderEliminarQuanto ao teu parfait está lindíssimo. Acho muita graça a estes frascos com as suas camadas de recheio. As amoras gordas e sumarentas emprestaram uma cor linda e deve saber tão bem, acordar e saborear um pequeno almoço assim.
Bjn
Márcia
Hmm, q delícia :) Gosto tanto de receitas com frutos vermelhos :) Bjinhos e esperemos q venha melhor tempo até final do mês, mas cá pra mim o Verão vem enganado com o Outono, ou seja, em Set e Out ;)
ResponderEliminarBom aspecto!
ResponderEliminarBeijinhos,
http://sudelicia.blogspot.pt/
Good morning,
ResponderEliminarLove the colourful layers you have made with this delicious parfait!
Have a great start of the week :)
http://beautyfollower.blogspot.gr
Para mim isto é algo que vai bem a qualquer hora. Perfeito e delicioso!
ResponderEliminarTão parfait tão parfait que não sobrou nada para contar! :-)
ResponderEliminarParece que me revejo nesse teu tempo, mas um pouco mais a Norte. Mais precisamente num sítio lindo intitulado "Boa Viagem" em plena Serra d'Arga, Viana. Eram tantas... eram tão gordinhas... eram tão arranhões e roupa rasgada... eram tão nódoas na roupa e nas mãos...eram tão compota feita pela minha avó ;-)... que saudades da infância.
Também apanhei este Verão, mas com luvas e sem a magia do passado, que essa ficará sempre guardada.
Adorei este parfait, as fotografias, o frasquinho... tudo.
Mil beijos e saudades.
C
Não tenho nenhuma dessas memórias, até porque a minha família sempre plantou mais framboesas :P
ResponderEliminarMas gostei de ler e esse parfait está mesmo mesmo maravilhoso! :D
Essa coisinha do mel é adorável, nunca usei, uso sempre uma colher :P
Olá Célio!
ResponderEliminarTambém guardo nas minhas memórias o som do amolador de tesouras e a apanha das amoras de cestinho na mão toda arranhada!
Gosto muito destas combinações de iogurte, granola e fruta! O teu parfait ficou lindo e muito apelativo!
um beijinho
Flauta do amolar e roupa arranhada de ir às amoras só me lembram uma coisa: férias com a avó! Ai que saudades: da avó, das férias com ela, das amoras e de tudo!
ResponderEliminarQue post magnífico Célio!
ResponderEliminarLembro-me tão bem do som desses amoladores que descreves e o teu post também a mim me levou a momentos longínquos e fiquei nostálgica...
O teu parfait está uma verdadeira maravilha e eu que sou louca por amoras e também as apanho todos os anos com a minha Lily (mas só lá para inícios de Outubro), fiquei a salivar.
Amo a composição, o resultado final e as tuas fotos são, somo sempre, magníficas e lindas demais!!!
Um beijinho e boa semana,
Lia
Também já apanhei amoras só que por aqui não estão tão gordas talvez por ter chovido pouco este ano. Esse parfait para mim é perfeito :) adoro iogurte grego com granola e frutos vermelhos. Ficou tão lindo o frasco... ♥
ResponderEliminarBjinhooos
Fechei os olhos e consegui ouvir o amolador de tesouras e sentir a humidade dos primeiros dias de Outono a chegar. Mágicas estas lembranças de miúdos.. :) Adorei. Tudo! beijinho
ResponderEliminarSempre ouvi a minha mãe e avós dizerem: vem aí o amolador, vem chuva. São memórias reconfortantes, é certo, mas a mim conforta-me mais o verão e o calor, que espero que dure ainda muito tempo ;) Em relação às amoras e à receita, uma maravilha, tanto para lanche, como para pequeno almoço ou sobremesa. Versátil e delicioso. Beijinhos e saudadinhas!! Susana
ResponderEliminarhttp://paparocadeliciosa.blogspot.pt/
Olá Célio,
ResponderEliminaroh essas memórias são tão boas, eu sempre apanhei amoras, ficava com a roupa um caos e então as mãos pior, mas o meu raspanete era por as comer sem as lavar, ainda hoje faço isso, uma para a saca e duas à boca!!
Onde eu moro existe vários locais onde se pode apanhar mas tenho que confessar que nem a todos vou, alguns são espaços com muito silvado e o meu pensamento vai logo para o meu medo, horror às cobras, imagino esticar a mão e estar uma a olhar para mim, desisto.
Mas tirando esse medo, adoro amoras e a sua apanha.
Lindos estes copinhos, simples, bonitos e com ingredientes que adoro.
E as fotos? Deslumbrantes.
Beijinhos
Fotos lindas Célio!!
ResponderEliminarUm parfait que é perfeito para mim :) adoro as amoras, tão boas, remetem sempre a boas memórias.
Frasquinho lindo, nas cores e na história, um beijinho.