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Almôndegas de Beringela com Ras el Hanout e Noodles de Courgette


Está a ser um ano farto no que diz respeito à colheita de frutas e legumes, no quintal do meu sogro. Não sei se terá a ver com o meteorologia que oscila entre dias de temperaturas muito quentes e outros que nos levam a acreditar que já estamos no outono. Até a chuva já nos veio visitar neste mês de agosto. Não é que eu não goste destes dias mais frescos e do cheiro a terra molhada. Mas algo não está certo e a sensação que fica é que o verão está a passar demasiado rápido e nós sem darmos por isso. Por aqui ainda não fomos de férias, contam-se os dias para fazer as malas e colocar a cozinha em off e até lá, espero que o verão ainda volte e fique por mais uns tempos. Mas voltando à colheita de legumes, as courgettes são mais que muitas, a rúcula não pára de crescer, qual erva daninha e agora estão a sair imensas beringelas, lindas, redondinhas e brilhantes como eu gosto. Assim que vieram as primeiras pensei logo em fazer um baba ganoush e acompanhar com um pão naan que eu adoro. Uma moussaka também seria uma bela opção, mas optei antes por trazer também as courgettes à mesa em forma de noodles e com as beringelas fazer umas deliciosas almôndegas. A inspiração para esta receita veio deste blog inspirador. Fiz algumas alterações, adaptei a confeção das almôndegas ao meu gosto, perfumando-as com o Ras el Hanout, uma mistura marroquina de especiarias e servi-as juntamente com os noodles de courgette e um delicioso molho de tomate a fazer a ligação de ambas.


Foi a primeira vez que experimentei os noodles de courgette e confesso que fiquei fã. São óptimos para servir como acompanhamento numa refeição deste género, mas também ficam muito bons numa simples salada, temperada com um molho especial. Já há algum tempo que eu queria experimentar fazer os noodles, até já tinha comprado um pequeno utensílio para esse efeito mas quando tentei fazer a primeira vez não gostei da forma e muito menos do aspecto dos noodles. Sendo a Borner uma marca de confiança e como já tenho como dado adquirido o excelente desempenho da mandolina dessa marca, foi então que decidi adquirir o Roko, o ralador vegetariano. Fabricado propositadamente para este efeito, possui duas filas de lâminas em aço inoxidável, ralando os vegetais sem qualquer dificuldade, com a rapidez e perfeição de corte características dos produtos da marca. Fiquei bastante satisfeito com o resultado final, pois consegui obter um esparguete de courgette bem comprido e sem que partisse enquanto rala. 

Claro que nesta receita os noodles de courgette são uma opção, podendo ser substituídos por esparguete normal ou integral ou mesmo por um puré de batata ou de grão. Mas ao escolher a courgette como acompanhamento, consegui uma receita 100% vegetariana e fiz desta uma refeição leve, bastante saudável e muito saborosa. As almôndegas vão ao forno em vez de serem fritas e ficam mesmo deliciosas, o Ras el Hanout dá-lhes um toque de sabor especial, mas o uso desta mistura de especiarias é também opcional e podem criar uma mistura que se adeque mais ao vosso gosto. Assim como também o molho de tomate pode ser substituído por outro ou também por um delicioso pesto.


Almôndegas de Beringela com Ras el Hanout e Noodles de Courgette
(receita ligeiramente adaptada do blog The First Mess)

Ingredientes: (para cerca de 18 almôndegas)
| 2 c. (sopa) de azeite
| 1 beringela
| sal e pimenta q.b.
| 1/2 frasco de grão-de-bico cozido (aprox. 200 g)
| 100 g de farinha de amêndoa
| 1 c. (sopa) de Ras el Hanout *
| 2 dentes de alho
| 1 mão cheia de coentros picados
| raspa e sumo de 1/2 limão
| 50 ml de aquafaba **
| 2 fatias grandes de pão de véspera

| 2 courgetes pequenas
 
* O Ras el Hanout é uma mistura marroquina de especiarias
** a aquafaba é o líquido que se encontra dentro do frasco de conserva do grão-de-bico cozido.

{para o molho de tomate}
| 2 c. (sopa) de azeite
| 1/2 cebola
| 2 dentes de alho
| 2 tomates médios maduros
| 2 c. (sopa) de vinagre balsâmico
| 1 mão cheia de manjericão fresco picado
| sal e pimenta q.b.

Preparação Tradicional:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Forre um tabuleiro com papel vegetal, pincele o papel com azeite e reserve.
Coloque o azeite numa frigideira e junte a beringela cortada em pequenos cubos. Salteie até que a beringela fique durada e macia, cerca de 8-10 minutos. Tempere com sal e pimenta e reserve.
Num copo de um processador de alimentos coloque o grão-de-bico, a farinha de amêndoa, o Ras el Hanout, os dentes de alho, os coentros picados, a raspa e o sumo de limão e a aquafaba. Pulse alguns segundos até obter uma pasta macia e suave.
Adicione a beringela e pulse novamente alguns segundos. Por fim junte o pão partido em pedaços e volte a triturar até obter uma pasta uniforme e moldável. Se necessário adicione mais 1 ou 2 c. (sopa) de aquafaba.
Com a pasta forme pequenas bolas. Use cerca de 2 c. (sopa) para cada bola. Para facilitar a moldagem das almôndegas convém ter as mãos ligeiramente húmidas.
Disponha as almôndegas no tabuleiro reservado e leve ao forno cerca de 25-28 minutos. A meio do tempo vire as almôndegas ao contrário para que assem de maneira uniforme.
Enquanto as almôndegas estão no forno, prepare o molho de tomate. Leve uma frigideira ao lume com o azeite, a cebola e os dentes de alho picados. Refogue durante alguns minutos até a cebola ficar translúcida.
Junte os tomates partidos em cubos e deixe cozinhar alguns minutos até o tomate ficar completamente desfeito.
Adicione o vinagre balsâmico e o manjericão picado e deixe o molho apurar. Se necessário adicione mais azeite. Tempere com sal e pimenta e deixe cozinhar até atingir a consistência desejada.
Lave as courgettes, sem as descascar. Use um ralador de vegetais (usei este da Borner) e rale as courgettes por forma a obter os noodles.
Sirva, formando uma cama de noodles de courgette no prato. Por cima disponha molho de tomate a gosto e termine com as almôndegas de beringela.

Preparação Thermomix - Bimby:
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Forre um tabuleiro com papel vegetal, pincele o papel com azeite e reserve.
Coloque o azeite numa frigideira e junte a beringela cortada em pequenos cubos. Salteie até que a beringela fique durada e macia, cerca de 8-10 minutos. Tempere com sal e pimenta e reserve.
No copo coloque o grão-de-bico, a farinha de amêndoa, o Ras el Hanout, os dentes de alho, os coentros picados, a raspa e o sumo de limão e a aquafaba. Programe (15seg/vel6).
Adicione a beringela e o pão partido em pedaços e programe (10seg/vel5). Se necessário adicione mais 1 ou 2 c. (sopa) de aquafaba e programe mais alguns segundos na mesma velocidade.
Com a pasta forme pequenas bolas. Use cerca de 2 c. (sopa) para cada bola. Para facilitar a moldagem das almôndegas convém ter as mãos ligeiramente húmidas.
Disponha as almôndegas no tabuleiro reservado e leve ao forno cerca de 25-28 minutos. A meio do tempo vire as almôndegas ao contrário para que assem de maneira uniforme.
Enquanto as almôndegas estão no forno, prepare o molho de tomate. Coloque no copo o azeite, a cebola e os dentes de alho e programe (5seg/vel5). Refogue, programando (5min/100ºC/vel1).
Junte os tomates em metades, o vinagre balsâmico e o manjericão e programe (5 seg/vel5).
Tempere com sal e pimenta e deixe apurar, programando (15min/100ºC/vel1).
Se desejar um molho mais grosso deixe apurar mais um pouco e programe (5min/Varoma/vel1).
Lave as courgettes, sem as descascar. Use um ralador de vegetais (usei este da Borner) e rale as courgettes por forma a obter os noodles.
Sirva, formando uma cama de noodles de courgette no prato. Por cima disponha molho de tomate a gosto e termine com as almôndegas de beringela.

Gelado de Manteiga de Amendoim com Chocolate


Verão é sinónimo de gelados! E o que eu adoro gelados?! Podia passar uma vida inteira a comer gelados e acho que não enjoava. É uma paixão que cresce conosco, que faz parte das nossas memórias de infância e que depois com o passar dos anos ou se vai perdendo ou se vai aperfeiçoando, tomando-lhe cada vez mais o gosto. Em criança gostava de todos os gelados, fossem eles de fruta ou não, de cone ou de pau, a sensação de frescura era algo que me deixava em êxtase. Depois, à medida que fui aperfeiçoando o meu palato e conhecendo novos sabores, fui dando preferência aos gelados feitos com natas, leite ou iogurte. Eram sempre os mais cremosos, os mais saborosos, aqueles que me deixavam sempre a desejar comer mais um, e outro. Hoje em dia confesso que raramente compro um gelado. Falo obviamente dos gelados que se vendem no supermercado que, como todos sabemos, são deliciosos sim senhor, mas trazem sempre aquelas letrinhas pequeninas na embalagem, que não nos damos ao trabalho de ler e que se referem a alguns ingredientes que tantas vezes são prejudiciais à saúde. E quando compro, opto pelos mais caros, é uma vez sem exemplo, mas valem cada colherada (e lambidela também!).

Há cerca de 3 anos, quando adquiri um robot de cozinha, todo um admirável mundo novo dos gelados caseiros se abriu para mim. Tendo os ingredientes certos à disposição, em poucos segundos temos uma receita de gelado caseiro pronta a degustar e a apresentar aos convidados. Desde então passei sempre a ter pequenos sacos de fruta congelada em casa. Principalmente aquela fruta de verão que eu adoro e que gosto de saborear o ano inteiro, como as amoras, os morangos e os pêssegos. Os gelados caseiros, feitos com ingredientes naturais e com sabores ao nosso gosto passaram então a fazer parte do menu cá de casa.


Passei a ser fã e a dar sempre preferência aos gelados artesanais e caseiros. Se é para dar cabo da dieta, então que seja com bom gosto... ehehe! E recentemente a Rita Nascimento, autora do La Dolce Rita, lançou aquele que eu considero o livro mais guloso deste verão, "A Vida Secreta dos Gelados Caseiros". Claro que não fiquei indiferente e logo tive que comprar o meu exemplar. A Rita adverte logo na capa "Atenção: Não Lamber as Folhas!", mas confesso que quase dá vontade, assim como dá vontade de ir a correr fazer todos aqueles gelados deliciosos e ao mesmo tempo tão simples de preparar. O livro é muito friendly, com uma receita base a partir da qual se desenvolvem as outras receitas, cada uma melhor que a outra e encontra-se dividido em três níveis de gula. Claro que eu tinha logo que experimentar uma receita do nível 3 de gula, daquelas que enquanto comemos não conseguimos parar enquanto não vemos o fundo do recipiente do gelado. 

Escolhi o Gelado de Manteiga de Amendoim com Chocolate. Adoro manteiga de amendoim, agora imaginem a combinação desta com o irresistível chocolate. É um gelado que fica bastante cremoso com uma textura que nos leva a querer mais, muito mais. Tão bom que chega a ser viciante e como que por magia, desaparece em menos de nada. Atrevo-me a dizer que é o melhor gelado que já fiz cá em casa, mas o melhor mesmo é experimentarem vocês também, prometo que não se arrependem. Deixo-vos com a receita que agora vou só ali preparar a próxima porque o verão não dura para sempre e deve ser celebrado, de preferência com um geladinho na mão.


Gelado de Manteiga de Amendoim com Chocolate
(receita do livro "A Vida Secreta dos Gelados Caseiros" de Rita Nascimento)

Ingredientes:
| 250 ml de leite
| 200 ml de natas para bater
| 30 g de leite em pó
| 100 g de açúcar
| 3 gemas grandes
| 100 g de manteiga de amendoim
| 1 pitada de sal
| 100 g de chocolate de leite
| 25 g de óleo de coco

Preparação Tradicional:
Num tacho, leve o leite, as natas e o leite em pó a lume médio.
À parte, misture bem as gemas e o açúcar com uma vara de arames e reserve.
Assim que o leite e as natas estiverem prestes a ferver, retire do lume e deite aos poucos sobre as gemas, mexendo sempre (o ideal é usar uma concha para não correr o risco de cozer as gemas).
Leve tudo a lume médio-baixo, mexendo sem parar.
Passados 1-2 minutos, quando o creme começar a engrossar, fique atento até este espessar o suficiente para, ao cobrir as costas de uma colher e passar o dedo, se formar uma "estrada" bem definida; assim que atingir este ponto desligue do lume e passe de imediato por um passador, para eliminar eventuais grumos.
Com o creme ainda quente, junte a manteiga de amendoim e o sal e misture bem ou triture.
A seguir, baixe rapidamente a temperatura do creme, levando-o ao congelador durante 1 hora e passando-o depois para o frigorífico. 
De seguida coloque o creme na cuba da máquina de fazer gelados e siga as instruções do fabricante.
Enquanto o gelado bate, derreta o chocolate com o óleo de coco no micro-ondas.
Quando o gelado estiver pronto, retire algumas colheradas para um recipiente e com uma colher, deixe cair fios de chocolate ainda quente sobre toda a superfície. Mexa um pouco para quebrar os fios em pedaços pequenos e coloque mais gelado por cima. Repita a operação até terminar o gelado e o chocolate e leve ao congelador para ganhar firmeza.
Retire do frio uns 10-15 minutos antes de servir.

Preparação Thermomix - Bimby:
No copo, junte o leite, as natas e o leite em pó e aqueça (7min/80ºC/vel1).
À parte, misture bem as gemas e o açúcar com uma vara de arames e reserve.
Assim que o leite e as natas estiverem quentes, deite pouco a pouco sobre as gemas, mexendo sempre, para que estas não cozam.
Deite de novo a mistura no copo e cozinhe (7min/80ºC/vel1). Programe novamente (1min/90ºC/vel1).
De seguida passe o creme por um passador para eliminar eventuais grumos.
Com o creme ainda quente, junte a manteiga de amendoim e o sal e programe (20seg/vel4).
Congele o creme num recipiente largo para a mistura não ficar muito alta ou como alternativa, congele directamente o creme em cuvetes de gelo.
Depois de congelado, coloque no copo e programe (15seg/vel5). Verifique se o gelado atingiu uma textura cremosa e homogénea. Se necessário bata mais alguns segundos até atingir a consistência desejada.
Derreta o chocolate com o óleo de coco no micro-ondas e retire algumas colheradas de gelado para um recipiente e com uma colher, deixe cair fios de chocolate ainda quente sobre toda a superfície. Mexa um pouco para quebrar os fios em pedaços pequenos e coloque mais gelado por cima. Repita a operação até terminar o gelado e o chocolate e leve ao congelador para ganhar firmeza.
Retire do frio uns 10-15 minutos antes de servir.

Parfait de Amoras Silvestres


Ouvir o som do amolador de tesouras num domingo de manhã, em pleno mês de Agosto, é algo que pode parecer no mínimo estranho ou surreal. Mas hoje, ao acordar, ouvi o som mágico daquela flauta que em segundos me transportou à minha infância e aos primeiros dias de outono. É um som que sempre associei a dias cinzentos e com chuva, pois era nestes dias que o amolador se fazia transportar na sua bicicleta carregada de apetrechos, correndo todas as ruas da vila enquanto tocava aquela melodia que ficava no ouvido e na esperança de que aparecesse um cliente para afiar uma faca ou uma tesoura ou mesmo consertar as varetas de um chapéu-de-chuva velho e gasto pelo tempo. Ainda meio ensonado esperei que a melodia voltasse a invadir o meu quarto para ter a certeza que não acabava de regressar de um sonho. Sim, a melodia voltou e era mesmo o amolador que se fazia anunciar. Até aqui tudo normal, ou não estivéssemos no pico do verão. Ao abrir a janela tive a confirmação da aparição do amolador. Um domingo de Agosto que acordara cinzento e a ameaçar com chuva. Agosto não tem sido um mês de verão por excelência. Com noites frias, dias ventosos e pequenas nuvens ameaçadoras bem lá no alto. Ao mesmo tempo soube bem acordar assim, com aquela melodia e esta brisa fresca que pede um pequeno-almoço bem reconfortante. Dando tréguas à preguiça, vou até à cozinha e dou de caras com as amoras que colhi durante a tarde de ontem. Começo por comer uma, e outra e mais outra e não tenho dúvidas que são elas que irão completar o meu pequeno-almoço.


Amoras! Outra das minhas memórias de infância. Haver amoras maduras nas silveiras para mim era sinónimo de que estávamos no mês de Agosto, era tempo de férias grandes e de rever os primos emigrados. Se havia coisa que me dava prazer era ir com os meus primos colher amoras silvestres. Íamos sempre às mais gordas, aquelas que mais brilhavam e que saciavam a nossa gula. Muitos arranhões depois e com a roupa manchada, chegávamos a casa felizes e realizados, de barriga cheia e com caixas cheias de amoras. De seguida vinha o ralhete da praxe pelas manchas na roupa e na pele, mas isso não era nada comparado com aquele prazer de infância que tornava os longos e quentes dias de Agosto tão perfeitos e únicos. Das muitas coisas boas que o verão tem para nos oferecer, são as amoras silvestres. E mesmo num dia cinzento e com temperaturas mais baixas, elas estão aí a fazer-nos lembrar que é verão e há que tirar partido disso. Optei por usá-las num parfait, uma receita rápida para uma refeição preguiçosa, bem ao sabor dos meus dias,  para tornar especial o nosso pequeno-almoço. E num piscar de olhos, as amoras devolveram o sol a este dia com sabor a verão.


Parfait de Amoras Silvestres

Ingredientes: (receita para 2 pessoas)
| 1 chávena de amoras silvestres
| 2 iogurtes gregos naturais
| 1 chávena de granola caseira
| mel ou xarope de agave q.b.

Preparação:
No fundo de um frasco ou copo, forme uma camada de granola e regue com um fio de mel.
De seguida adicione metade do iogurte grego e sobre este faça uma camada de amoras.
Adicione mais uma camada de granola e adoce com um fio de mel.
Esmague 1 c. (sopa) de amoras através de um passador de rede fina, descarte as grainhas e adicione o sumo ao restante iogurte, mexendo.
Coloque o iogurte no frasco formando uma camada e de seguida adicione mais amoras.
Termine com uma última camada de granola e amoras silvestres. 
Se preferir pode colocar no frigorifico cerca de 1/2 hora antes de servir, para refrescar.